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Oriente Médio

ONU denuncia onda de terror contra população civil na Síria

8 fev 2012 - 11h22
(atualizado às 15h01)
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A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou nesta quarta-feira uma onda de terror na Síria, com o contínuo ataque à cidade de Homs e o uso de artilharia pesada - morteiros, foguetes, tanques e até helicópteros - contra a população civil.

Pillay insistiu na "extrema urgência" de que os países rompam seus laços políticos com o regime de Bashar al-Assad, como fizeram recentemente os da União Europeia (UE), do Golfo Pérsico e os Estados Unidos.

Além disso, fez um apelo para que tomem medidas "efetivas" para proteger o povo sírio.

A alta comissária considerou que o último fracasso do Conselho de Segurança da ONU em condenar e acertar sanções contra o regime sírio "parece ter aumentado a disposição do governo de massacrar seu próprio povo para esmagar a dissidência".

O Conselho de Segurança abordou em três ocasiões a situação na Síria, mas foi incapaz de adotar medidas concretas devido à oposição de Rússia e China, que afirmam que seria uma ingerência nos assuntos internos do país.

Pillay reiterou através de um comunicado que há elementos para afirmar que estão sendo cometidos crimes contra a humanidade na Síria.

A ONU conta com informações que indicam que os hospitais, que já faziam esforços para atender a uma grande quantidade de feridos nas últimas semanas, agora estão simplesmente saturados ou são inacessíveis, motivo pelo qual o povo precisou abrir hospitais de campanha em Homs.

Por esta razão, Pillay disse que além das violações dos direitos humanos a forte deterioração da situação humanitária na Síria a preocupa, sobretudo em Homs, berço da rebelião e onde importantes áreas foram isoladas pelas forças de segurança por longos períodos.

Sem se atrever a estimar um número de mortos - o último balanço fornecido pela ONU há um mês indicava mais de 5,4 mil mortos -, Pillay disse que a natureza e o alcance das violações é tanto que pode equivaler a crimes contra a humanidade.

Para estes últimos, lembrou, não existe prescrição do delito e "haverá esforços durante o tempo que for necessário para fazer justiça às vítimas".

Em agosto e dezembro passados, a alta comissária pediu ao Conselho de Segurança da ONU que remetesse o caso da Síria ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

O que há 11 meses começou com protestos pacíficos que pediam abertura democrática e mais liberdades na Síria, se transformou em um banho de sangue que a comunidade internacional não foi capaz de deter nem avaliar em sua exata dimensão pela impossibilidade que a imprensa e as organizações internacionais e civis têm de entrar no país.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

EFE   
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