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Oriente Médio

ONU condena bombardeios do regime sírio contra população

Ataques a mercado municipal mataram 84 civis

31 mai 2015 - 18h37
(atualizado às 18h46)
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Ataque aéreo deixou mercado destruído na Síria
Ataque aéreo deixou mercado destruído na Síria
Foto: AFP

A ONU taxou neste domingo de "inaceitáveis" os novos bombardeios do regime sírio com barris de explosivos que mataram dezenas de civis no fim de semana no norte do país. O mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, denunciou os ataques do regime de Bashar al-Assad que no sábado mataram 84 civis, incluindo crianças, nas áreas rebeldes de Aleppo, metrópole do norte da Síria, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

O balanço é um dos mais altos na região este ano. "O bombardeio aéreo em Aleppo merece a maior condenação internacional", afirmou De Mistura. No total, 141 civis morreram no sábado em diferentes bombardeios do regime em várias regiões, informou o OSDH, com sede em Londres, que se apoia em uma rede de informantes em todo o país.

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Os ataques tiveram como alvo um mercado popular em Al Bab, cidade sob controle do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), e o bairro rebelde de Al Chaar, no leste de Aleppo, segundo o OSDH, que chamou o episódio de "massacre". O exército sírio também atingiu Jabal al- Zawiya, região montanhosa da província de Idleb (noroeste), matando pelo menos 20 civis, reportou a ONG.

"O regime sempre soltou barris de explosivos neste guerra, mas agora está intensificando seus ataques porque acredita poder compensar com eles suas baixas no campo de batalha", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor da OSDH. "Trata-se também de um tipo de vingança contra os civis que apoiam a rebelião", acrescentou.

As organizações internacionais denunciam com frequência o uso de barris de explosivos que, em 2015, deixaram centenas de mortos entre os civis da província de Aleppo, onde o regime controla apenas alguns poucos distritos. Por sua parte, o chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond criticou no sábado "os métodos terríveis e indiscriminados utilizados pelo regime de Assad para matar civis inocentes" e pediu "uma transição política para um futuro do qual Al-Assad não faça parte".

As negociações estão num impasse depois de quatro anos de conflito e mais de 220.000 mortos. Para tentar relançar estas negociações, o mediador da ONU começou em 5 de maio uma nova rodada de discussões separadas e a portas fechadas com os protagonistas do conflito e os vários intervenientes internacionais, incluindo o Irã, um aliado-chave de Damasco no conflito.

No centro do país, o EI conseguiu avançar para o oeste e o sul a partir da cidade antiga de Palmira, tomada pelos jihadistas há dez dias. Assim, tomaram o controle da localidade de Basire, situada em um importante cruzamento rodoviário, que leva a Damasco ao sul e Homs, terceira cidade do país, mais a oeste.

"A estrada de Palmira (na Síria) à província de Al Anbar, no Iraque, já está aberta (para o EI), sem nenhum obstáculo", destacou Mohamed Hassan Al Homsi, um ativista local.

Os jihadistas também consolidaram posições no norte da província de Aleppo, conquistando cidades controladas pelos rebeldes perto da fronteira turca. Em dois dias de combates, houve 31 mortos entre os rebeldes e 22 nas fileiras do EI. Mas os extremistas sunitas perderam oito cidades da província de Raqa - reduto do EI no norte da Síria -, expulsos por combatentes curdos apoiados por bombardeios da coalizão internacional antijihadista.

Na província de Al Anbar, no Iraque, as forças governamentais retomaram no sábado um bairro do oeste de Ramadi, a capital, conquistada pelo EI em 17 de maio passado. De qualquer forma, os avanços dos extremistas geraram dúvidas sobre a eficácia da atuação da coalizão internacional liderada por Washington, que não fez o suficiente depois do impressionante avanço que o EI fez no primeiro semestre de 2014.

Ministros dos países que participam da coalizão e representantes de organizações internacionais se reunirão na terça-feira, em Paris, para rever sua estratégia, tanto na Síria como no Iraque.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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