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Oriente Médio

ONU calcula que conflito sírio deixa 5.000 mortos por mês

16 jul 2013 - 13h46
(atualizado às 13h50)
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Uma média de 5.000 pessoas morre a cada mês na guerra que atinge a Síria desde março de 2011 e que provocou a pior crise de refugiados desde o genocídio em Ruanda (1994), afirmaram nesta terça-feira funcionários de alto escalão da ONU.

Esses funcionários fizeram um apelo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, dividido sobre o conflito, a tomar medidas mais fortes sobre a guerra, que causou quase 100.000 mortos em 26 meses.

"O número extremamente elevado de mortes atualmente, de aproximadamente 5.000 por mês, demostra a drástica deterioração do conflito", afirmou o subsecretário geral da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Simanovic, durante uma reunião sobre a guerra síria no Conselho de Segurança.

O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Antonio Guterres, e a chefe de operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, convocaram o Conselho de Segurança a impulsionar uma ampla colaboração da comunidade internacional para aliviar a situação dos refugiados e dos sírios que permanecem no país.

Cerca de 1,8 milhão de pessoas se refugiou nos países vizinhos da Síria, enquanto uma média de 6.000 cidadãos foge do país todos os dias, afirmou Guterres.

"Não vimos um fluxo de refugiados que se acelerasse em um ritmo tão chocante desde o genocídio em Ruanda, há quase 20 anos", sustentou Guterres.

Mais de dois milhões de ruandeses fugiram das execuções em massa de hutus em 1994.

Ele ressaltou que o gesto do Líbano, Iraque, Jordânia e outros países de aceitar em seus territórios os refugiados sírios tem "salvado centenas de milhares de vidas".

"Esta crise se prolongou muito mais do que se podia temer, com consequências humanitárias insuportáveis", explicou o chefe do ACNUR.

Já Amos disse que a comunidade internacional deve considerar a possibilidade de realizar operações fronteiriças a fim de fazer chegar ajuda à Síria.

Amos estimou que ainda são necessários 3,1 bilhões de dólares para garantir as operações de ajuda humanitária até o final do ano.

Segundo a responsável, quatro milhões de pessoas no interior da Síria precisam de assistência e "restrições consideráveis " foram impostas sobre as agências de ajuda por parte do governo e grupos de oposição.

Amos apelou para o levantamento de obstáculos burocráticos, mas também a designação de "rotas humanitárias prioritárias" e notificação prévia de ofensivas militares.

Ela destacou a Cidade Velha em Homs, onde o governo tem intensificado o cerco no mês passado. A ONU estima que 2,5 mil civis estão presos.

"Grupos de oposição não têm garantido a passagem segura da ajuda e o governo da Síria tem impedido que as agências prestem assistência dentro da Cidade Velha", explicou.

Amos disse que deveria haver "uma pausa humanitária" do conflito para permitir o acesso de ajuda e "operações fronteiriças, conforme o caso".

A ajuda fronteiriça é polêmica. A Rússia, um dos principais aliados do presidente Bashar al-Assad, têm resistido a discutir tais operações no âmbito das Nações Unidas.

A Turquia, no entanto, apoia esta ideia. "O Conselho precisa considerar formas alternativas de prestação de ajuda, incluindo as operações fronteiriças", declarou o embaixador adjunto turco na ONU, Levent Eler.

Ele declarou que a crise na Síria está se tornando "a maior tragédia humanitária do século 21".

O embaixador do Líbano na ONU, Nawaf Salam, insistiu por sua vez que é "urgente" que o Conselho de Segurança adote novas medidas sobre a crise de refugiados.

Salam lembrou que a ONU registrou 607.908 refugiados no Líbano, mas o governo estima que o número real seja de 1,2 milhão. Ele estima que o número pode aumentar até 20 vezes durante 2013.

O embaixador Sírio na ONU, Bashar Jaafari, colocou em xeque os números divulgados pelos funcionários da Nações Unidas, ao alegar que procedem de "fontes não profissionais".

Mas Simonovic disse que foram comprovadas, por métodos "rigorosos", mais de 92.900 mortes há um mês.

Ele disse que cada morte foi verificada por nome e data e checada com pelo menos três fontes.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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