ONU acusa governo da Síria de crimes contra a humanidade
A alta comissária para Direitos Humanos da ONU, Navy Pillay, pediu nesta segunda-feira na Assembleia Geral do organismo que a comunidade internacional atue "urgentemente" para proteger à população civil na Síria dos ataques "sistemáticos" do regime de Bashar al Assad. "Todos e cada um dos membros da comunidade internacional devem atuar agora para proteger urgentemente à população síria", disse Pillay, garantindo que a ONU segue sem poder atualizar nestes momentos o número de mortos pela repressão na Síria.
A alta comissária lamentou a falta de ação do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação na Síria e assegurou que a Liga Árabe sim respondeu "com determinação" para frear a violência, e por isso encorajou que os Estados-membros das Nações Unidas apoiem os esforços dessa organização regional.
Navy Pillay também afirmou que crimes contra a humanidade provavelmente foram cometidos durante a repressão da revolta popular. "A natureza e a escala dos abusos cometidos pelas forças sírias indicam que crimes contra a humanidade provavelemente foram cometidos desde março de 2011", disse a alta comissária para Direitos Humanos da ONU.
Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente
Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.
A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.
Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.
Com informações das agências AFP e EFE.