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Oriente Médio

Obama desafia republicanos e anuncia Rice no Conselho de Segurança

5 jun 2013 - 18h55
(atualizado às 19h40)
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O presidente americano, Barack Obama, elogiou sua próxima conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice, como uma "servidora pública exemplar", na tentativa de minimizar as críticas da oposição republicana.

Obama anunciou formalmente que Rice, de 48 anos, hoje embaixadora americana na ONU, substituirá Tony Donilon no organismo de segurança a partir de julho. Apesar da linguagem nem sempre diplomática, seu trabalho na ONU foi elogiado pela Casa Branca - principalmente por conseguir angariar aliados para duras sanções ao Irã.

Politicamente, a nomeação é um desafio, diante das acusações dos republicanos de que Rice enganou os americanos sobre as circunstâncias do ataque à embaixada dos EUA em Benghazi (Líbia). Inicialmente, ela teria dito que o ataque foi espontâneo, e não uma operação terrorista planejada.

Na época, ela foi efusivamente defendida por Obama. O presidente nunca escondeu que ela seria sua escolha, quando Donilon, no cargo há três anos, anunciou sua saída.

"De forma simples, Susan é um exemplo da mais perfeita tradição de liderança e de diplomacia americana", ressaltou Obama, em uma cerimônia no Rose Garden, na Casa Branca.

"Estou muito feliz que ela esteja de volta ao meu lado para dirigir minha equipe de segurança nacional no meu segundo mandato", afirmou o presidente.

"É apaixonada e pragmática ao mesmo tempo. Todo mundo sabe que ela defende a justiça e a dignidade humana, e que também sabe que precisamos exercer nossa força de modo deliberado e sagaz", acrescentou.

Rejeitando as críticas republicanas contra Rice, que teve de renunciar ao cargo de secretária de Estado em dezembro por causa da oposição dos senadores conservadores, Obama disse ainda que sua nova colaboradora "não tem medo e é sólida".

Como Rice não precisa de confirmação do Senado para assumir o posto de conselheira de segurança nacional, qualquer oposição residual dos republicanos não será um problema. O conselheiro é o assessor mais próximo do presidente na área de política externa.

O influente senador republicano John McCain, um dos críticos mais ferrenhos de Rice, adotou um tom mais conciliador nesta quarta. Em sua conta no Twitter, declarou que, embora não esteja de acordo, fará "o máximo para trabalhar com ela em assuntos importantes".

Outro senador republicano, o conservador Rand Paul, disse duvidar do julgamento do presidente, "quando promove alguém que foi cúmplice em uma mentira para os americanos".

Susan Rice é uma diplomata de alto perfil, com sólida formação e conhecida por sua franqueza. Secretária adjunta de Estado para a África no governo Bill Clinton, aconselhou Obama sobre política externa durante sua primeira campanha, sendo depois nomeada em 2008 para o cargo de representante dos Estados Unidos na ONU.

Para suceder Rice, Obama confirmou hoje o nome de Samantha Power, de 42 anos, que era membro do Conselho Nacional de Segurança até pouco tempo atrás, depois de ser uma das principais conselheiras de direitos humanos e assuntos multilaterais do então candidato Obama em sua campanha de 2008.

Power ficou muito conhecida fora dos círculos de política externa e acadêmicos por ter chamado Hillary Clinton de "monstro" na campanha de 2008, comentário que causou o seu afastamento da equipe.

Antes de trabalhar para o governo, Power, uma ex-jornalista nascida na Irlanda, ganhou o prêmio Pulitzer pelo livro "A Problem from Hell: America and the Age of Genocide" (no Brasil, "Genocídio: a retórica americana em questão") sobre Ruanda e outros assassinatos em massa, incluindo Camboja e Bósnia.

Assim como Rice, ela também foi afetada pelos fracassos da administração Clinton (1993-2001) frente aos massacres em Ruanda e na antiga Iugoslávia e, agora, assumirá no momento em que a atual administração encontra dificuldades para lidar com o conflito na Síria.

Após Obama expressar seu desejo de que sua candidata seja confirmada "sem demora", o senador McCain disse acreditar que "o Senado examinará sua nomeação o quanto antes".

Tony Donilon foi um dos defensores da retirada das tropas americanas do Iraque e do Afeganistão até o final de 2014 e um ator-chave na perseguição de Osama bin Laden no Paquistão. Também é um nome importante na política dos Estados Unidos para a China. Recentemente, Donilon foi à China para preparar a visita do presidente chinês, Xi Jinping, à Califórnia esta semana.

Em sua despedida, Obama disse que Tony Donilon foi um dos maiores conselheiros de segurança nacional que o país já teve.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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