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Oriente Médio

Nove pessoas morrem em atentado com carro-bomba em Damasco

2 jun 2013 - 08h07
(atualizado às 09h39)
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Um atentado com carro-bomba deixou neste domingo pelo menos nove policiais mortos na capital da Síria, Damasco, num momento em que se multiplicam os apelos internacionais para retirar os civis e os feridos da cidade de Quseir, onde são travados violentos combates há duas semanas.

Enquanto a guerra prossegue sem trégua, a comissão de investigação formada pela ONU e presidida pelo brasileiro Paulo Pinheiro deverá apresentar na terça-feira um relatório que já se anuncia como aterrador, antes de uma reunião em Genebra entre ONU, Rússia e Estados Unidos para preparar uma conferência de paz.

O governo sírio já deu sua aprovação para participar da conferência, mas a oposição exige, para estar presente na comissão de paz, a saída do presidente Bashar al-Assad, o fim imediato dos combates e, em especial, a saída das tropas do grupo libanês Hezbollah.

Na manhã deste domingo, a explosão de um carro carregado com bombas atingiu o bairro de Jobar, no leste da capital síria, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH, uma entidade opositora com sede em Londres).

"Pelo menos nove membros das forças do regime morreram após uma forte explosão provocada por um carro-bomba perto de uma delegacia de polícia", disse o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O atentado, que não foi reivindicado, lembra ataques similares realizados por jihadistas da Frente Al-Nusra, grupo de rebeldes que se declara leal à rede Al-Qaeda. A agência oficial síria Sana confirmou a explosão de um carro-bomba, mas não forneceu detalhes. Intensos combates eram travados entre o exército regular e os rebeldes na região, de acordo com o OSDH.

Em Quseir, depois de receberem reforços, as tropas regulares apoiadas por combatentes do Hezbollah ampliavam o cerco ao redor dos rebeldes, que agora estão limitados ao norte desta cidade próxima à fronteira com o Líbano.

O exército lançou no dia 19 de maio um forte ataque à cidade, que era considerada um bastião rebelde, para retomar o controle da região e abrir um corredor seguro entre Damasco e o litoral sírio.

Enquanto isso, em Homs, ao menos 28 rebeldes morreram em combates com as forças regulares.

"Vinte e oito rebeldes morreram em uma emboscada e em combates com as forças governamentais nas proximidades da aldeia de Kafarnane, onde reside uma maioria alauita", disse Rahman.

Em Genebra, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também expressou seu choque. "Os civis e os feridos correm riscos ainda maiores, já que os combates prosseguem", disse Robert Mardini, diretor das operações para o Oriente Médio. Mardini pediu contenção a todas as partes.

Diante da chuva de fogo sobre Quseir, a ONU expressou sua inquietação sobre o destino dos civis na cidade.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convocou as partes em conflito a permitirem que os civis deixem a cidade e lembrou a responsabilidade do governo de proteger estas pessoas, "inclusive das ameaças das milícias".

Em um comunicado conjunto, a responsável da ONU para assuntos humanitários, Valerie Amos, e a comissária de Direitos Humanos, Navi Pillay, alertaram que existem "até 1.500 feridos que precisam ser retirados imediatamente" e classificaram a situação geral em Quseir como desesperadora.

O brasileiro Paulo Pinheiro, presidente da comissão independente de investigação apoiada pela ONU, informou que o relatório que será apresentado na terça-feira é "aterrador".

A juíza suíça Carla del Ponte, integrante desta comissão criada em 2011, mencionou crimes "de uma crueldade incrível".

"Eu nunca havia visto algo assim, nem mesmo na Bósnia", disse Del Ponte, que adiantou que o relatório denunciará os crimes cometidos pelos dois lados.

Pinheiro denunciou "uma combinação de sectarismo, radicalização e escalada de violações dos direitos humanos" e considerou que a Síria já está afundada em "um conflito regionalizado e até internacionalizado".

Para Pinheiro, os rebeldes que acreditam na democracia e que são partidários de um Estado laico agora são minoria.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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