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Oriente Médio

Nova ministra da Justiça de Israel já causa polêmica antes de assumir o cargo

13 mai 2015 - 06h11
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A nova ministra da Justiça de Israel, Ayelet Shaked, domina as manchetes do país antes mesmo de assumir o cargo, e não só por ser considerada a deputada mais bonita do parlamento em uma recente pesquisa, mas por suas polêmicas declarações e pelas leis com as quais tentou cercear o Supremo Tribunal.

Com recém-cumpridos 39 anos e apenas dois como deputada do parlamento israelense, a número três do partido ultranacionalista Lar Judaico é a ministra designada da qual todo mundo fala.

"A Sarah Palin de Israel?", pergunta o jornal progressista "Haaretz", enquanto o colunista Nahum Barnea, do "Yedioth Ahronoth", opinou que "há muito pouco que Shaked possa fazer no Ministério da Justiça", ao definir a política como "ambiciosa e diligente, que criticou com dureza as leis existentes e o estamento legal".

O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tentou impedir que Shaked assumisse a pasta da Justiça, mas o acordo de coalizão selado de última hora, que lhe permitiu governar, não deixou outra opção.

A nova nomeação representa um desafio, se não um paradoxo para o sistema legal israelense, segundo analistas locais. Isso porque Shaked foi uma das mais firmes defensoras de uma emenda destinada a limitar os poderes do Supremo e não desperdiça nenhuma chance para reivindicar mais peso para o poder legislativo em detrimento do judiciário.

Esta política com poucas papas na língua, que sua beleza física um pouco pueril torna ainda mais atraente para a mídia, considera a máxima instância judicial um órgão que tenta reduzir a influência dos dirigentes eleitos.

Em 2014, Shaked promoveu um projeto que, se tivesse prosperado, permitiria ao parlamento implementar leis desestimadas pela Corte, que teriam prejudicado os direitos que amparam as minorias em uma democracia.

Duas de suas competências fundamentais como ministra serão liderar a Comissão Ministerial de Assuntos Legislativos e presidir o Comitê de Seleção do Judiciário, motivo pelo qual, se sobreviver no cargo até 2016, terá voz na hora de designar o procurador-geral. Paralelamente, ela deixará sua marca na avaliação e seleção das leis antes de serem aprovadas ou não pelo governo, estabelecendo as prioridades no campo legislativo.

Ser uma bacharel em Ciência da Computação e Engenharia Elétrica nomeada para a pasta de Justiça representará apenas um paradoxo a mais em seu perfil. Ela é secular em um partido religioso, mora em Tel Aviv quando grande parte de seu eleitorado é colono e defende a proibição do transporte público na jornada sabática ao mesmo tempo em que quer o alistamento dos ultraortodoxos.

A imprensa destaca que até antes de seus dias como instrutora da brigada Golani do exército, quando conheceu colonos e simpatizantes de extrema direita, ela não se interessava pela política.

Formada pela Universidade de Tel Aviv, casada com um ex-piloto de combate e mãe de dois filhos, Shaked começou sua carreira profissional na tecnológica Texas Instruments, antes de trabalhar como diretora do escritório de Netanyahu por dois anos, de onde saiu junto com Naftali Bennett em 2008, segundo se diz, por desavenças com seu chefe e sua esposa, Sara.

Antes de entrar na arena parlamentar, Shaked fundou com Bennett o My Israel, um movimento que pretende resistir aos pedidos de boicote ao país e critica a imigração de africanos, que considera uma ameaça para o Estado judaico.

Já como deputada, ela apoiou sem poréns a controversa legislação que realça o caráter de Israel como Estado judaico e que seus críticos alegam que enfraquece a democracia israelense.

Não só seu espírito combativo no parlamento, programas de televisão e sua especialidade, os fóruns sociais, a catapultaram ao estrelato. Suas declarações contra os palestinos - algumas tachadas de "apologia do genocídio" -, os imigrantes ilegais, a esquerda e a imprensa lhe valeram uma legião de seguidores, assim como de ferrenhos críticos.

Seu partido rejeita as negociações de paz e o estabelecimento de um Estado palestino e se apresentou à últimas eleições sob o lema "Deixemos de nos desculpar", uma particular visão autocomplacente perante o gradual isolamento do país.

A nova ministra, aliás, assumirá o cargo com segurança especial, após ter recebido ameaças de morte e da divulgação de montagens nas quais aparece vestindo um uniforme nazista.

EFE   
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