Netanyahu se diz pronto para início de conversas de paz
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ontem estar preparado para iniciar imediatamente negociações de paz com os palestinos, mas não fez menção à criação de um Estado para eles, uma omissão que incomodou autoridades árabes, europeias e norte-americanas.
"Estamos preparados para retomar as negociações de paz sem demora e sem quaisquer pré-condições. Quanto antes, melhor", disse Netanyahu por vídeo a uma conferência do Comitê Americano dos Assuntos Públicos de Israel.
Netanyahu descreveu uma abordagem "tripla", que incluiria discussões políticas, estímulos à economia palestina e o fortalecimento das forças palestinas de segurança.
Mas o negociador palestino Saeb Erekat criticou o caráter "vago" do discurso e o fato de Netanyahu não se comprometer com a negociação das questões centrais, como o status de Jerusalém, o futuro dos refugiados e a própria criação do Estado palestino.
"Ninguém tem tempo para relações públicas e para a linguagem vaga. Espero que não tenhamos de esperar anos para ter uma resposta 'sim' ou 'não' a essas questões simples, temos de saber agora", disse Erekat à Reuters.
Em discurso ao mesmo evento dos EUA, o presidente de Israel, Shimon Peres, disse que o novo governo direitista do país quer a paz com todos os árabes, mas também evitou citar explicitamente a criação de um Estado palestino.
Peres, um político de grande prestígio, mas que ocupa um cargo protocolar, se reunirá na terça-feira na Casa Branca com o presidente Barack Obama.
Os líderes palestinos rejeitam a ideia da "paz econômica" e dizem que o processo de paz só deve ser retomado depois que Netanyahu se comprometer com a independência palestina.
A posição de Netanyahu pode criar conflitos com Obama, cujo representante especial para o Oriente Médio, George Mitchell, salienta o compromisso de Washington com a solução de "dois Estados".
Netanyahu irá a Washington no dia 18, para uma reunião com Obama que poderá esclarecer as chances de retomada do processo de paz.