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Oriente Médio

Netanyahu obtém vitória apertada e terá dificuldade para formar base de apoio

23 jan 2013 - 03h04
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O partido do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ganhou nesta terça-feira as eleições gerais no país com 31 assentos no Parlamento, uma incômoda margem que trará ao governante maiores complicações no momento de formar um novo governo devido à ascensão dos partidos de centro e esquerda e ao apoio menor do que o esperado por parte da extrema-direita.

A grande surpresa das eleições foi a inesperada entrada em cena do partido de centro Yesh Atid, do ex-jornalista Yair Lapid, que com 19 cadeiras se transforma na segunda maior força política, superando o histórico Partido Trabalhista (15), com 99,5% dos votos apurados.

A legenda ultradireitista Habait Hayehudi, do carismático Naftali Bennett, à qual todas as pesquisas concediam uma ascensão eleitoral até a segunda posição, acabou em quarto lugar, ao lado dos ultra-ortodoxos sefarditas do Shas, ambos com 11 cadeiras.

O partido de Lapid ficou com grande parte dos votos que seriam a princípio do Kadima, principal partido da oposição na última legislatura e que ficou relegado a ínfimas duas cadeiras.

A grande questão agora é qual base de apoio Netanyahu poderia obter com o intrincado cenário parlamentar que as urnas desenharam.

Pouco após a divulgação das pesquisas de boca de urna em seguida ao fechamento dos colégios eleitorais, o primeiro-ministro se apressou a ligar para Lapid para dizer que juntos "podem fazer grandes coisas pelo Estado de Israel", e já convocou reuniões para a próxima quinta-feira.

No entanto, Lapid evitou falar sobre possíveis coalizões durante seu breve discurso na noite eleitoral, e se limitou a afirmar que os cidadãos de Israel "disseram não à política do medo e do ódio, não ao radicalismo e à anti-democracia".

"Nesta noite recaiu sobre nossos ombros uma grande responsabilidade", disse Lapid a seus seguidores em Tel Aviv sobre as 17 cadeiras que seu partido terá no Knesset (Parlamento).

Netanyahu, que curiosamente começou seu discurso ao mesmo tempo que Lapid, declarou que vê "muitos aliados" para formar "o governo mais amplo possível".

"Vejo muitos parceiros para esta missão. Estenderemos a mão para um governo amplo e, com a ajuda de Deus, triunfaremos juntos", declarou em um breve discurso a seus seguidores em Tel Aviv.

Além disso, ele afirmou que nesta mesma noite começará a trabalhar para formar um governo de coalizão plural.

"Vocês me deram a oportunidade pela terceira vez de governar o Estado de Israel. É um grande privilégio, mas também uma grande responsabilidade", acrescentou.

Por sua vez, a líder do Partido Trabalhista, Shelly Yachimovich, que teve um pobre resultado em relação a suas expectativas, prometeu fazer "todo o possível" para montar uma coalizão que tire do poder o atual chefe do Executivo.

"Há muitas possibilidades de que amanhã de manhã Netanyahu não possa formar um governo, e farei todo o possível para que assim seja e que possa ser formado um governo social que promova um processo de paz", disse ele a seus seguidores em Tel Aviv.

Yachimovich declarou que havia ligado para os outros líderes das legendas de centro e esquerda, além das ultra-ortodoxos, com a intenção de formar uma coalizão alternativa a Netanyahu.

A única possibilidade que o bloco de centro-esquerda teria de formar um governo alternativo seria a de conseguir o apoio dos ultra-ortodoxos, que viram aumentado seu papel nas alianças políticas.

Só um possível acordo entre a coalizão Likud Beiteinu, o Lapid e o Bennett deixaria os ultra-ortodoxos fora de um possível governo.

Um dos três líderes do Shas, Eli Yishai - o mais favorável a pactuar com a direita - afirmou que recomendará Netanyahu como chefe de Governo.

"Dissemos isso antes das eleições e não mudamos nossa posição. Recomendaremos Benjamin Netanyahu como chefe de Governo", disse Yishai, ministro do Interior.

Netanyahu poderá ser chefe de Governo pela terceira vez se somar seus 33 deputados e os 11 do Shas ao apoio de outro partido ultra-ortodoxo, o asquenaze Judaísmo Unido da Torá (7), e os 11 da Habait Hayehudi.

Seja como for, poucas vezes na história política israelense dos últimos anos a formação de governo após as eleições gerais apresentou um leque tão amplo de possibilidades.

EFE   
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