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Netanyahu é alvo de chacota após declaração sobre Holocausto

22 out 2015 - 09h32
(atualizado às 11h07)
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Líder israelense foi alvo de críticas e paródias após sugerir que o Holocausto tenha sido uma sugestão palestina
Líder israelense foi alvo de críticas e paródias após sugerir que o Holocausto tenha sido uma sugestão palestina
Foto: Divulgação/BBC Brasil

O premiê israelense Binyamin Netanyahu recebeu uma onda de críticas dentro do próprio país após dizer que Hitler inicialmente não queria exterminar os judeus, mas foi convencido por um líder religioso palestino.

Em discurso na terça-feira durante o 37º Congresso Sionista Mundial, em Jerusalém, Netanyahu afirmou que a ideia de Hitler era apenas expulsar os judeus da Europa, e que o ditador alemão teria mudado os planos após orientação de Haj Amin al-Husseini, grão-mufti de Jerusalém entre 1921 e 1937.

"Haj Amin al-Husseini foi até Hitler (em 1941) e disse: 'Se você expulsá-los, eles virão todos para cá.'", disse o premiê. "'Então o que devo fazer com eles?', ele (Hitler) perguntou. Ele (Husseini) disse: 'Queime-os'", completou Netanyahu.

A descrição do Holocausto como sugestão palestina gerou reações imediatas, dentro e fora de Israel.

Em entrevista ao lado de Netanyahu em Berlim, para onde o líder israelense viajou após as declarações polêmicas, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que a responsabilidade pelo Holocausto é alemã. Afirmou que os alemães tem "muito claro em nossas mentes" que os nazistas foram responsáveis.

Na mesma entrevista, Netanyahu ensaiou um recuo e disse que "ninguém deve negar que Hitler foi responsável pelo Holocausto".

No front interno, a chefe do memorial de Israel para as vítimas do Holocausto, Dina Porat, disse que Netanyahu cometeu erros factuais.

Após declarações, premiê foi à Alemanha e ouviu da colega Angela Merkel que o extermínio de judeus é responsabilidade alemã
Após declarações, premiê foi à Alemanha e ouviu da colega Angela Merkel que o extermínio de judeus é responsabilidade alemã
Foto: Divulgação/BBC Brasil

"Você não pode dizer que foi o mufti quem deu a ideia a Hitler para matar ou queimar judeus", afirmou a historiadora ao jornal . Ao jornal , a professora sugeriu que o líder israelense se retrate das declarações.

O líder de oposição israelense Isaac Herzog escreveu em sua página no Facebook que a versão do premiê "minimiza o Holocausto, o nazismo e o papel de Hitler no terrível desastre de nosso povo".

O jornal registrou como Netanyahu foi ridicularizado em vídeos e imagens que se espalharam pela internet - a publicação diz que a repercussão foi tamanha que "quebrou a rede".

A revista online disse que israelenses e palestinos comuns "não deixarão Netanyahu sair dessa tão facilmente", e também veiculou paródias e chacotas que circularam após os comentários polêmicos.

Em nota, o secretário-geral da OLP (Organização para Liberação da Palestina), Saeb Erekat, disse que "o líder do governo israelense odeia tanto seu vizinho que está tentando absolver o criminoso de guerra mais notório da história, Adolf Hitler, o assassino de seis milhões de judeus."

Quem foi Haj Amin al-Husseini?

O líder religioso palestino Haj Amin al-Husseini se aliou aos nazistas na guerra e se encontrou com Adolf Hitler em 1941
O líder religioso palestino Haj Amin al-Husseini se aliou aos nazistas na guerra e se encontrou com Adolf Hitler em 1941
Foto: Divulgação/BBC Brasil

Pivô da polêmica histórica suscitada por Netanyahu, Husseini, morto em 1974, foi um líder nacionalista palestino que liderou campanhas violentas contra judeus e autoridades britânicas nos anos 1920 e 1930,quando o território da Palestina estava sob gestão britânica.

Ele deixou a Palestina em 1937, mas manteve a campanha contra os planos britânicos de dividir a região em um Estado judeu e outro árabe, alinhando-se com os nazistas durante a 2ª Guerra Mundial.

Husseini se encontrou com Hitler em Berlim em novembro de 1941, quando tentou convencer o ditador alemão a declarar apoio á criação de um Estado árabe, conforme descreveu a imprensa alemã à época.

Husseini foi procurado por crimes de guerra mas nunca apareceu no tribunal de Nuremberg, que terminou com a execução de12 líderes nazistas em 1945 e 1946.

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