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Europa

"Não haverá mais tolerância", diz Erdogan após novos confrontos em Istambul

11 jun 2013 - 14h19
(atualizado às 14h28)
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O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta segunda-feira que acabou a tolerância com os manifestantes opositores, depois que a polícia retirou à força as pessoas presentes na emblemática Praça Taksim de Istambul. A operação policial na Praça Taksim foi surpreendente, já que na tarde de segunda-feira o governo turco havia anunciado que Erdogan realizaria na quarta uma reunião com representantes dos manifestantes.

"Falo para aqueles que querem continuar com estes acontecimentos, que querem continuar aterrorizando: este assunto acabou. Não haverá mais tolerância", afirmou Erdogan no Parlamento de Ancara aos deputados do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), horas após a polícia retomar o controle da praça Taksim de Istambul, perto do parque Gezi. Ainda assim, milhares de manifestantes retornaram esta tarde para a praça, enquanto os integrantes das forças de segurança se retiravam do local após três horas de confrontos com os manifestantes.

Os agentes passaram por cima das barricadas improvisadas e expulsaram dezenas de pessoas que passaram a noite no local. As forças de segurança dispararam várias bombas de gás lacrimogêneo e utilizaram canhões de água. Mas no final do dia, a polícia deixou o centro de Taksim para se concentrar em seus arredores, cedendo lugar aos milhares de manifestantes que aplaudiram a atitude.

Um grupo ambientalista que deu início ao movimento de contestação que agita a Turquia convocou uma grande protesto para as 19h (13h de Brasília). Milhares de manifestantes passaram o dia no Parque Gezi, onde a polícia não agiu.

Erdogan ressaltou que "Gezi é um parque, não uma zona de ocupação". As manifestações na Turquia tiraram a vida de quatro pessoas, três manifestantes e um policial, declarou também o primeiro-ministro. "Convido todos aqueles que são sinceros a se retirarem", lançou o premiê. "Podem acreditar? Atacaram a Taksim e lançaram gases contra nós esta manhã, quando haviam se apresentado ontem à noite para conversar conosco", declarou um manifestante de 23 anos chamado Yulmiz.

O grupo ambientalista de defesa do Gezi também denunciou o uso da força. "Ficaremos aqui enquanto nenhuma medida concreta for tomada para cumprir com os pedidos dos jovens que protegem a Taksim e o Parque Gezi", indicou.

Negociação travada

Na tarde de segunda-feira, o governo turco anunciou que Erdogan havia decidido realizar na quarta uma reunião com representantes dos grupos de manifestantes, um gesto que foi considerado um sinal de flexibilização de sua postura. "Nosso primeiro-ministro receberá alguns membros dos grupos que organizam estas manifestações", havia declarado na noite de segunda o vice-primeiro-ministro, Bulent Arinç. "Nosso primeiro-ministro ouvirá o que têm a dizer", acrescentou.

A ONG Greenpeace, convidada a esta reunião, afirmou que não participará. "Antes é preciso acabar com a violência", indicou. A polícia deteve nesta terça-feira dezenas de pessoas, incluindo 73 advogados que denunciavam a intervenção policial no Palácio de Justiça de Istambul, indicou a Associação de Advogados Contemporâneos.

Após um fim de semana marcado por manifestações sem precedentes em várias grandes cidades do país durante as quais foram ouvidos gritos pedindo a renúncia de Erdogan, milhares de pessoas se reuniram na noite de segunda-feira em Istambul ao redor da Praça Taksim, e no centro de Ancara, a capital, os dois principais focos do protesto.

O primeiro-ministro, certo do apoio da maioria dos turcos, adotou um tom muito firme desde o início da crise, afirmando que os manifestantes deveriam esperar as eleições municipais de 2014 para expressar seu descontentamento. Em 2011, seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), proveniente do movimento islamita, obteve 50% dos votos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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