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Oriente Médio

Na Turquia, feridos contam os horrores da repressão síria

8 jun 2011 - 11h12
(atualizado às 11h21)
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Feridos, os manifestantes contrários ao regime de Bashar Al-Assad que conseguiram fugir da Síria relatam num hospital turco como foram metralhados por helicópteros e franco-atiradores de maneira indiscriminada, até mesmo enquanto enterravam os mortos.

Selim, de 28 anos, acordou em uma cama do hospital de Antakya, pequena localidade ao sul de Turquia, a cerca de 50 quilômetros da fronteira síria.

Ele não sabe como chegou ali. Vinte e quatro horas antes, este jovem operário se encontrava em Jisr Al Shughur (noroeste da Síria), cenário de violentas operações das forças de segurança, que deixaram 35 mortos segundo o Observatório sírio de Direitos Humanos.

"A última coisa que lembro é que um franco-atirador atirou em mim: uma bala entrou pela minha clavícula e saiu pelo meu peito esquerdo. Quando eu tentava avisar aos meus amigos, outra bala atravessou a minha mão. Depois perdi a consciência", relata o jovem.

Mohamed, um pintor de 31 anos, também ficou ferido no domingo em Jisr Al Shughur.

"Policiais dispararam contra mim. Uma bala atravessou minha mão, não consigo mexer os dedos", afirma, mostrando o braço enfaixado.

"Uma hora depois, estava na fronteira turca. Deixaram-me num posto da fronteira, e depois que passei a fronteira uma ambulância turca me levou ao hospital", relata.

Mohamed, como preferiu ser chamado para não ser identificado, foi testemunha da violenta repressão que assola a cidade.

"No sábado, enterramos nossos mortos. Após os enterros, as forças de segurança começaram a atirar. Eles atiravam do prédio dos correios, disparavam para todos os lados", explica. "Vi muitos cadáveres, mas minha maior preocupação era me esconder".

O pintor desmente que os manifestantes tenham cometido qualquer ato de violência contra as forças de segurança. As autoridades sírias afirmaram na segunda-feira que 120 policiais foram mortos em Jisr Al Shughur, por "grupos armados".

Este testemunho é corroborado por outros vários feridos hospitalizados em Antakya.

"(As forças de segurança) dispararam contra o quartel general do partido Baath para ter uma desculpa para nos matar", afirma Hasan, um homem de aproximadamente 50 anos, que garante não ter visto nenhum policial ou soldado morto.

Mohamed, assim como outras testemunhas, diz que dois helicópteros metralharam as ruas da cidade no domingo.

"Os soldados dispararam contra a gente de helicópteros, atiravam de maneira indiscriminada", afirmou.

Segundo as autoridades turcas, ao todo há "259 refugiados sírios na Turquia, dos quais 35 estão hospitalizados". Um grupo turco-sírio de ajuda aos refugiados contabilizou 89 feridos hospitalizados na Turquia desde o dia 20 de maio. A AFP constatou a chegada de 120 novos refugiados na noite de terça-feira.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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