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Oriente Médio

Moscou rejeita proposta saudita de retirar apoio a Bashar al-Assad

8 ago 2013 - 14h46
(atualizado às 14h51)
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Moscou rejeitou uma proposta da Arábia Saudita de retirar seu apoio ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, em troca de um grande contrato de armamento e do compromisso de impulsionar a influência russa no mundo árabe, segundo fontes diplomáticas.

O presidente russo, Vladimir Putin, um dos principais apoios do presidente sírio, recebeu no dia 31 de julho no Kremlin o príncipe Bandar bel Sultan, chefe dos serviços de inteligência da Arábia Saudita, país que apoia os rebeldes sírios.

Até o momento, não foi possível obter nenhum comentário oficial de Moscou nem de Riad sobre este encontro.

"A cada dois anos, Bandar ben Sultan se reúne com seus colegas russos, mas desta vez quis se encontrar com o chefe de Estado", afirmou um diplomata europeu.

O príncipe explicou a Putin que "Riad estava disposta a ajudar Moscou a ter um papel mais importante no Oriente Médio, num momento em que os Estados Unidos se retiram da região", acrescentou o diplomata.

A Arábia Saudita também propôs a compra por um montante de 15 bilhões de dólares de armas a Moscou e prometeu grandes investimentos no país, acrescentou a fonte.

Segundo um diplomata árabe com contatos em Moscou, "o presidente Putin ouviu seu interlocutor, mas disse a ele que seu país não mudará de estratégia, apesar de suas propostas".

"Bandar ben Sultan disse então a Putin que a única solução na Síria seria militar e que é preciso se esquecer de Genebra, já que a oposição não irá", acrescentou a fonte.

Rússia e Estados Unidos tentam há meses organizar uma conferência de paz internacional em Genebra, mas até o momento não tiveram sucesso.

Interrogado pela AFP sobre este encontro, um político sírio opinou que, "como já fez antes com o Qatar e Lavrov (em negociações), a Arábia Saudita pensa que a política consiste em comprar pessoas ou países. Não entende que a Rússia é uma grande potência que não determina sua política desta forma".

As relações entre Moscou e Riad se deterioraram pelo conflito sírio. A Rússia acusou a Arábia Saudita de "financiar e armar os terroristas e grupos extremistas" na Síria.

Especialistas russos também consideraram que Putin rejeitou a proposta saudita.

"Este tipo de acordo parece muito pouco provável", declarou Alexandre Goltz, especialista militar do jornal de oposição online Ejednevny, lembrando que, para Putin, o apoio a Assad era "um assunto de princípios".

"Nem mesmo os 15 bilhões de dólares, uma soma enorme que representa o volume de negócios de dois anos da Rosoboronexport (a agência russa de exportação de armas), mudarão algo", acrescentou.

Além disso, "a posição de Assad se reforça cada dia mais e o Kremlin está consciente disso. Traí-lo neste momento seria algo muito estúpido. Sem esquecer que os sauditas, em geral, demoram vários anos para cumprir suas promessas", afirmou outro especialista de segurança, Andrei Soldatov, que dirige o site Agentura.ru.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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