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Oriente Médio

Moscou critica retirada de embargo da UE sobre armas aos rebeldes sírios

28 mai 2013 - 15h16
(atualizado às 15h34)
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A Rússia denunciou nesta terça-feira a retirada do embargo sobre as armas para os rebeldes sírios e considerou que esta decisão inflama o conflito, no momento em que se discute a organização de uma conferência de paz sobre a Síria.

Trata-de "de uma decisão polêmica porque o fornecimento de armas para entidades que não são Estados é proibido pelo direito internacional", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em visita a Paris, onde se reuniu com o secretário de Estado americano, John Kerry.

"É uma decisão ilegítima por princípio", ressaltou ele, citado pelas agências russas.

A retirada do embargo pela União Europeia "prejudica diretamente as possibilidades da preparação de uma conferência internacional" sobre o conflito na Síria, declarou o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov.

"O embargo foi retirado apesar de todas as declarações da UE em favor de uma solução fundada sobre a declaração de Genebra (de junho de 2012), e apesar do acordo sobre a necessidade de organizar a conferência internacional", ressaltou.

"É uma manifestação de dois pesos e duas medidas", declarou o diplomata russo.

O Kremlin também criticou esta decisão que "não contribuiu" para os preparativos da conferência, por meio de seu porta-voz Dmitri Peskov, citado pela agência Interfax.

Os ministros das Relações Exteriores da UE concordaram na segunda-feira em suspender o embargo às armas enviadas aos rebeldes sírios, mas nenhum país tem a intenção de realizar entregas nos dois próximos meses para não prejudicar a iniciativa de paz Rússia-EUA, que prevê a conferência internacional sobre a Síria.

Esta conferência, prevista para Genebra, tem por objetivo acabar com uma guerra civil e deve reunir representantes do governo sírio e da oposição.

Esta questão foi retomada na segunda-feira à noite em Paris.

O regime de Damasco, que já concordou em participar da conferência, está decidido a enviar seu representante, segundo Riabkov.

O "principal obstáculo" é a incapacidade da oposição síria de designar um representante, declarou o diplomata nesta terça.

Já Lavrov voltou a insistir na necessidade da participação do Irã, aliado do regime de Damasco, nesta conferência internacional, algo que as potência ocidentais rejeitam.

"A questão do Irã é chave para nós. Não há dúvidas de que o Irã é uma das nações mais importantes", considerou Lavrov.

A Rússia argumentou que, tanto o Irã como a Arábia Saudita, devem se envolver nas negociações como parte da nova iniciativa de paz.

Sobre a questão das armas, Riabkov afirmou que as entregas previstas de sofisticados mísseis antiaéreos S-300 russos à Síria são um fator de estabilização que tem como objetivo dissuadir qualquer ideia de intervenção externa no conflito.

"Acreditamos que medidas deste tipo dissuadem alguns espíritos acalorados de contemplar cenários que possam internacionalizar o conflito, por meio da participação de forças estrangeiras", declarou o alto-funcionário, ressaltando que o contrato para a entrega dos S-300 foi assinado há alguns anos.

Esta declaração provocou reação imediata de Israel, que bombardeou no início de maio dois alvos próximos a Damasco para impedir, segundo um militar israelense, a transferência de armas ao Hezbollah libanês, aliado do regime sírio.

"As entregas não ocorreram e espero que não aconteçam. Mas se, infelizmente (os S-300) chegarem à Síria, saberemos o que fazer", afirmou o ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon.

A instalação dos sistemas S-300 complicaria novos ataques israelenses na Síria e o projeto dos Estados Unidos de estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre o país.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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