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Oriente Médio

Morte de adolescente palestino eleva tensões na véspera da Nakba

14 mai 2011 - 10h12
(atualizado às 13h14)
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A morte de um adolescente palestino em Jerusalém Oriental por supostos tiros de um colono judeu elevou as tensões no Oriente Médio na véspera do Dia da Nakba (Catástrofe), quando os palestinos lembram o exílio e o trauma que representou para eles a criação do Estado de Israel em 1948. Um dia antes de milhares de pessoas se reunirem em Ramala, sede do Governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), para o principal evento político do dia, Jerusalém voltou a ser neste sábado palco de violentos confrontos, os últimos durante o funeral do jovem Milad Said Ayyash, de 17 anos.

Vistos através de um recorte em forma de estrela de Davi na porta de acesso ao cemitério do Monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, jovens palestinos atiram pedras contra a polícia israelense
Vistos através de um recorte em forma de estrela de Davi na porta de acesso ao cemitério do Monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, jovens palestinos atiram pedras contra a polícia israelense
Foto: EFE

Pelo menos dois palestinos ficaram feridos nos arredores das muralhas de Jerusalém, quando a polícia usava gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar um grupo de jovens que, depois do funeral, lançou pedras contra veículos israelenses. Também houve distúrbios nos arredores de uma pequena colônia judaica de Jerusalém Oriental, conhecida como Beit Moscowitz, próxima do local onde, na sexta-feira, o jovem Milad foi baleado - segundo testemunhas, os tiros foram dados por um vigia do assentamento de Beit Yonatan, reduto de judeus ortodoxos no coração do bairro de Siloé.

Milad, que morava no bairro de Ras el Amud, foi levado ao hospital com ferimentos no abdômen, mas não resistiu e morreu na sala de cirurgia, informaram nesta manhã fontes do hospital Al Mukassad. "Seu estado era crítico. Fizemos 20 transfusões de sangue, mas nem assim conseguimos salvá-lo", comunicou o hospital.

Ativistas relataram à edição online do jornal Haaretz que o vigilante abriu fogo com sua pistola depois que alguém lançou um coquetel Molotov contra o edifício da colônia. "A bala extraída é de uma pistola. Este tipo de bala é raramente usada pela Polícia israelense no controle de manifestações. A bala indica, portanto, a possibilidade de o jovem ter sido baleado por um dos guardas de segurança do assentamento", assinala o ativista Jonathan Pollak em comunicado.

A Polícia israelense confirmou que houve disparos no local, mas indicou que não pôde fazer a autópsia do corpo porque a família do adolescente quis enterrá-lo imediatamente e que "o caso ficou sob investigação". Do funeral, que teve imagens da primeira e segunda Intifadas (1987-1993 e 2000-2004, respectivamente), participaram cerca de mil pessoas com bandeiras palestinas, que seguiam em procissão atrás da vítima aos cantos de "Alá é grande" e "Com vento e sangue, redimiremos nosso mártir".

"Todos os moradores de Siloé se encontram no funeral. O povo está indignado. Hoje e amanhã serão dias difíceis, com violência e sangue", dizia Samir a um meio de comunicação local durante a procissão fúnebre, que partiu do bairro Ras el Amud com destino a um cemitério islâmico aos pés das muralhas de Jerusalém.

Depois do funeral, a polícia israelense prendeu quatro palestinos no Monte das Oliveiras por lançarem pedras contra uma patrulha. Mais tarde, cerca de 200 faziam uma passeata de protesto que partiu do Portão de Damasco até o Museu Rockefeller, sob a atenta vigilância de centenas de agentes de segurança. Por enquanto, nenhum líder, nem israelense nem palestino, se pronunciou sobre os fatos.

Nabka

As forças de segurança israelenses estão desde quinta-feira em estado de alerta máximo por ocasião do Dia da Nakba, quando palestinos de toda a região lembram o que qualificam de catástrofe ao povo árabe. A data em questão é 15 de maio, um dia após a declaração da independência de Israel em 1948, data que os palestinos veem como o começo do exílio para numerosos refugiados, que atualmente, contando todas as gerações descendentes, superam os 4 milhões.

EFE   
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