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Oriente Médio

Moderado Hassan Rohani toma posse como presidente do Irã

3 ago 2013 - 12h07
(atualizado às 12h09)
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O clérigo moderado Hassan Rohani tomou posse neste sábado como sétimo presidente da República Islâmica do Irã após a aprovação de sua eleição pelo guia supremo Ali Khamenei, durante uma cerimônia transmitida ao vivo pela televisão estatal.

A cerimônia de posse foi realizada em uma Husseiniyeh, local de culto xiita, liderada pelo guia supremo, maior autoridade do regime.

Em suas primeiras palavras como novo presidente iraniano, Rohani declarou que o governo vai trabalhar pela "suspensão das sanções injustas" adotadas pelos países ocidentais contra o programa nuclear de Teerã.

"O governo vai trabalhar para salvar a economia, retomar uma relação construtiva com o mundo, dar novos passos para engrandecer o Irã, garantir os interesses nacionais e suspender as sanções injustas" impostas ao país, disse Rohani.

Pouco antes desse discurso, o aiatolá Khamenei saudou a eleição do clérigo moderado.

"A eleição de um homem competente que serviu durante três décadas ao governo (islâmico) e resistiu aos inimigos como religioso, transmite uma mensagem de fidelidade ao regime e de confiança ao clero", escreveu Ali Khamenei em seu decreto de posse lido por seu chefe de gabinete.

Eleito no dia 14 de junho no primeiro turno da eleição presidencial com 51% dos votos, Hassan Rohani, é um religioso moderado, de 64 anos, que defende um diálogo maior com o Ocidente.

Ele sucede Mahmud Ahmadinejad, que ficou oito anos na presidência marcados por diversas tensões com o Ocidente, principalmente relacionadas ao polêmico projeto nuclear de Teerã.

Devido às sanções infligidas por causa de seu programa nuclear, o Irã registrou uma grande queda de sua receita com o petróleo, que passou de mais de 100 bilhões de dólares para menos de 50 bilhões entre 2011 e 2012. Além disso, sua moeda teve forte desvalorização e a inflação superou os 40%.

Este homem fiel ao regime e ao guia supremo deve apresentar, provavelmente no domingo, segundo a imprensa local, o seu governo formado essencialmente por tecnocratas experientes. De acordo com a lei, ele tem duas semanas para apresentar esse governo ao Parlamento, que terá então dez dias para dar seu voto de confiança.

Alguns dias depois de sua eleição, Rohani havia prometido mais transparência no programa nuclear, para provar sua natureza pacífica, rejeitando uma suspensão do enriquecimento de urânio exigida pelo Ocidente e por Israel, que acusam Teerã de tentar produzir a arma nuclear, apesar de o regime negar.

A eleição de Rohani foi bem recebida pela comunidade internacional, na esperança de um abrandamento da política de Teerã.

Chefe dos negociadores nucleares entre 2003 e 2005 sob a presidência do reformista Mohammad Khatami, ele chegou a aceitar a suspensão do enriquecimento de urânio e a aplicação do protocolo adicional ao Tratado de Não-Proliferação (TNP), o que valeu ao novo presidente o respeito dos ocidentais.

Ostentando um turbante branco e uma longa barba grisalha, Rohani é ligado ao ex-presidente moderado Akbar Hachemi Rafsandjani, que havia pedido aos iranianos que votassem no clérigo moderado, da mesma forma que Khatami.

Enquanto Ahmadinejad intensificou os ataques contra Israel, questionando o Holocausto ou afirmando que esse país deveria "desaparecer", Rohani também voltou sua artilharia para o "inimigo" na sexta-feira, em ocasião de uma jornada de solidariedade aos palestinos e contra Israel.

"Em nossa região, uma ferida foi criada há anos no corpo do mundo islâmico com a ocupação da terra sagrada da Palestina e de nossa querida Qods (Jerusalém)" por Israel, afirmou.

Israel denunciou essas afirmações, considerando que o presidente havia "mudado no Irã, mas não o o objetivo do regime de produzir a arma nuclear com o objetivo de ameaçar (...) a segurança do mundo inteiro".

O Irã não reconhece a existência de Israel e apoia os movimentos islâmicos palestinos e o grupo xiita libanês Hezbollah, hostis ao Estado hebraico.

No domingo, Rohani prestará juramento diante do Parlamento iraniano, em uma cerimônia para a qual foram convidados dirigentes estrangeiros pela primeira vez, incluindo dez chefes de Estado da região e Javier Solana, ex-chefe da diplomacia europeia.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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