Ministro russo chega à Síria para dialogar com Assad
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, chegou nesta terça-feira à Síria para negociações com o presidente Bashar al-Assad, em meio a temores de que o Exército esteja prestes a invadir a cidade rebelde de Homs.
Centenas de pessoas morreram em Homs desde sexta-feira, segundo ativistas e testemunhas, e a cidade - bastião da insurgência contra Assad - amanheceu sob ataques pesados com barragens de artilharia nesta terça-feira.
Lavrov desembarcou em Damasco dias após Rússia e China terem vetado uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, que criticava a repressão e a violência do governo sírio contra manifestantes.
O governo russo afirma que o esboço de resolução - que apoiava um plano da Liga Árabe pedindo a Assad que deixe o poder - teria forçado uma mudança de regime na Síria. O gabinete de Lavrov disse que o ministro foi a Damasco porque Moscou busca "a mais rápida estabilização da situação na Síria".
A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Victoria Nuland exortou Lavrov a "usar essa oportunidade para deixar totalmente claro para o regime de Assad o quão isolado ele está, e para encorajar Assad e seus aliados a usarem o plano da Liga Árabe e permitir uma transição".
A Rússia é a principal fornecedora de armas para Damasco. O porto sírio de Tartus abriga a única base naval russa no Mediterrâneo.
Ataque por terra
Forças do governo vêm atacando desde sexta-feira, com barragens de artilharia, o bastião rebelde de Homs. Testemunhas e ativistas dizem que centenas de pessoas morreram na cidade - 95 delas na segunda-feira.
O repórter da BBC Paul Wood - um dos poucos jornalistas estrangeiros em Homs - diz que o Exército sírio começou a bombardear a cidade por volta das 6h (2h hora Brasília) desta terça-feira. Segundo Wood, os moradores de Homs temem que o Exército esteja planejando um ataque por terra à cidade.
O governo sírio - que vem combatendo uma onda de revolta contra o regime de Assad desde março - diz estar lutando contra gangues armadas apoiadas por estrangeiros. No entanto, milhares de soldados desertaram e passaram para o lado rebelde, formando o Exército da Síria Livre.
O ativista Mohammed al-Hassan disse em Homs que o bombardeio desta terça-feira foi mais focado no bairro de Baba Amr, onde grande parte da insurgência armada se concentra. "Não há eletricidade e todas as linhas de comunicação com a vizinhança foram cortadas", disse ele.