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Oriente Médio

Manifestantes turcos seguem ocupando a praça Taksim de Istambul

2 jun 2013 - 10h16
(atualizado às 10h38)
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Centenas de manifestantes turcos ocupavam neste domingo a praça Taksim de Istambul, abandonada pela polícia após dois dias de violentos confrontos, e seguiam determinados a manter vivo o seu protesto contra o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan.

A retirada policial reflete o recuo de Erdogan, cujo governo foi muito criticado pela violenta repressão do movimento de protesto de sexta-feira e sábado. As organizações de direitos humanos turcas e estrangeiras avaliam em mil os feridos e a Anistia Internacional falou inclusive sobre dois mortos.

Estes números não foram confirmados oficialmente. De acordo com o ministro do Interior, Muamer Guler, 53 civis e 26 policiais ficaram feridos durante os dois dias de violência em toda a Turquia e 939 manifestantes foram detidos em 48 cidades do país.

Horas após a retirada policial da praça Taksim, novos incidentes ocorreram na madrugada deste domingo em Istambul, mas também na capital, Ancara, onde os manifestantes tentaram se aproximar dos gabinetes do primeiro-ministro nas duas cidades.

Em Ancara, a polícia dispersou com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água uma multidão de milhares de pessoas que se dirigiam à sede do chefe de governo, cantando slogans hostis a Erdogan.

Os manifestantes responderam lançando tijolos e destruíram as vitrines de várias lojas. Dois carros foram incendiados, assim como uma banca de jornais.

Segundo a agência Anatolia, estes confrontos deixaram 56 feridos entre as forças de segurança. Vários manifestantes foram detidos. O sindicato de médicos de Ancara havia informado que 414 civis ficaram feridos no sábado em incidentes produzidos na capital, seis deles gravemente.

Incidentes similares ocorreram em Istambul, ao redor do gabinete do primeiro-ministro, no bairro de Besiktas. A tranquilidade retornou na manhã deste domingo.

A praça Taksim e o pequeno parque Gezi, cujo projeto de supressão gerou na sexta-feira o movimento de protesto antigovernamental, foram ocupados durante toda a noite por centenas de manifestantes que festejaram o recuo do primeiro-ministro.

No entanto, eles parecem dispostos a seguir travando sua batalha, já que as barricadas continuavam erguidas neste domingo nas ruas que levam à praça Taksin, com mobiliário urbano, carros ou inclusive ônibus virados.

Ao pé das barricadas, com inscrições como "hukumet istifa" ("governo renúncia"), grupos de manifestantes pareciam se preparar para mais confrontos. "Todos os turcos estão fartos há 10 ou 11 anos, hoje todos querem que o primeiro-ministro vá embora", disse à AFP um deles, Hallit Aral.

Enfrentando uma das ondas de protesto mais importantes desde sua chegada ao poder, em 2002, Erdogan ordenou no sábado que as forças policiais se retirassem da praça Taksim e do parque Gezi, onde está prevista a construção de um parque urbanístico, projeto que desencadeou a ira popular.

Imediatamente após a saída da polícia, milhares de pessoas com bandeiras turcas invadiram a praça e o parque ao lado cantando slogans de vitória, com o apoio de fogos de artifício.

No entanto, horas antes do recuo das forças de ordem, Erdogan havia afirmado energicamente que a polícia permaneceria na praça Taksim "hoje" (sábado) e "amanhã também", porque este lugar "não pode ser uma área onde os extremistas fazem o que querem".

Mas o presidente da Turquia, Abdullah Gul, fez um chamado ao "sentido comum" e à "calma" e considerou que os protestos alcançaram um nível inquietante.

"Em uma democracia, as reações devem ser expressadas (...) com sentido comum, com calma, e os líderes devem mobilizar seus esforços para ouvir as diferentes opiniões e inquietações", disse o presidente.

Diante destas reações, o primeiro-ministro recuou e admitiu que a polícia havia agido em alguns casos de forma extrema.

Países aliados ocidentais, como Estados Unidos e Reino Unido, também convocaram o governo turco à moderação.

O regime sírio, por sua vez, agora inimigo jurado de Ancara, acusou Erdogan de dirigir seu país de forma terrorista e "destruir a civilização e as conquistas do povo turco", afirmou o ministro sírio da Informação, Omran al-Zohbi.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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