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Oriente Médio

Manifestantes turcos determinados contra Edorgan, que rejeita "primavera turca"

3 jun 2013 - 11h04
(atualizado às 11h20)
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Os confrontos foram retomados nesta segunda-feira pelo quarto dia na Turquia entre a polícia e opositores hostis ao primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, que nega seu autoritarismo e a eventualidade de uma "primavera turca".

Após uma madrugada violenta em Istambul, Ancara e Izmir (oeste), novos incidentes foram registrados no início da tarde na capital turca, onde a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de mil manifestantes, em sua maioria jovens e estudantes, reunidos no centro da cidade.

Um jovem manifestante turco foi morto no domingo à noite em Istambul, atropelado por um veículo que tentava furar a manifestação, segundo a União dos Médicos Turcos (TBB).

O jovem, Mehmet Ayvalitas, membro de uma associação de esquerda, foi morto no bairro de Pendik.

Principal alvo de contestação, o chefe de Governo deixou a Turquia arde para uma viagem à África do Norte, reiterando que não cederá às pressões da rua.

"Vamos permanecer firmes (...) acalmem-se, nós iremos superar tudo isso", lançou Erdogan à imprensa.

"Meu país dará sua resposta nestas eleições (locais de 2014)", ressaltou, seguro de sua força eleitoral, "se realmente temos práticas antidemocráticas, nossa nação irá nos derrubar".

"Sim, nós estamos atualmente na primavera, mas não deixaremos que se transforme em inverno", acrescentou em referência à Primavera Árabe.

Em um tom mais conciliador, o presidente turco Abdullah Gul pediu calma aos manifestantes ao mesmo tempo que garantiu que a mensagem foi "recebida".

"Democracia não significa apenas eleições. É normal expressar opiniões diferentes. As mensagens transmitidas com boa vontade foram recebidas", declarou Gul à imprensa.

Desde sexta-feira, o protesto de algumas associações contra o projeto de destruição de um parque público de Istambul pouco a pouco se espalhou por toda a Turquia.

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, acusado de autoritarismo e de querer "islamizar" a sociedade turca, enfrenta um movimento de protesto de dimensão inédita desde a chegada ao poder do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita moderado) em 2002.

Durante esta madrugada, violentos incidentes aconteceram próximo ao gabinete de Erdogan em Istambul e também no bairro residencial de Kavaklidere, onde os manifestantes gritavam "ninguém quer você Tayyip !".

No domingo, a polícia turca dispersou de forma violenta os manifestantes em Izmir (oeste), Adana (sul) e Gaziantep (sudeste), deixando vários feridos. Muitos denunciaram a brutalidade das forças de segurança.

A violência nos últimos quatro dias deixou mais de mil feridos em Istambul e ao menos 700 em Ancara, segundo as organizações de defesa dos direitos humanos e os sindicatos médicos nas duas cidades.

O balanço de vítimas não foi confirmado pelas autoridades. O ministro do Interior Muammer Güler falou no domingo de 58 civis e 115 policiais feridos nas 235 manifestações registradas em 67 cidades.

Guler revelou que a polícia prendeu mais de 1.700 pessoas nas manifestações por todo o país, mas a maioria já foi liberada.

Coração simbólico da revolta, a Praça Taksim de Istambul aparentemente retomou a normalidade nesta segunda-feira.

Grande parte do comércio reabriu as portas, mas ainda havia barricadas bloqueando as ruas adjacentes, sinal da determinação dos manifestantes de não deixar o controle do local voltar para as mãos dos policiais.

Durante a manhã, quase 3.000 pessoas protestaram em Istambul para denunciar o trabalho considerado parcial da imprensa turca em relação ao movimento de contestação anti-governamental que agita o país desde sexta-feira.

"Imprensa vendida! Não queremos uma imprensa submissa", gritava a multidão, reunida em frente à sede do grupo de comunicação Dogus Holding.

A violência da repressão provocou muitas críticas, dentro e fora do país.

Mesmo dentro do governo, várias vozes dissidentes lamentaram a brutalidade da ação policial. Como o vice-primeiro-ministro Bulent Arinc, que defendeu o diálogo, "em vez de lançar gás sobre as pessoas".

O primeiro-ministro reconheceu que "erros" foram cometidos pela polícia e prometeu sanções contra seus excessos. Mas repetiu que levaria o projeto de desenvolvimento urbano da Praça Taksim até o fim. E como um desafio aos manifestantes, acrescentou no domingo que iria construir uma mesquita.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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