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Oriente Médio

Malvinas: Comitê de Descolonização da ONU reitera apoio a pedido argentino

20 jun 2013 - 15h46
(atualizado às 15h52)
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Sem a mesma atenção da imprensa no ano passado, quando a presidente argentina Cristina Kirchner realizou uma visita histórica, o Comitê de Descolonização da ONU adotou nesta quinta-feira uma resolução, assim como tem feito anualmente desde 1965, pedindo que Argentina e Reino Unido retomem as negociações pela soberania das Malvinas.

O texto, adotado por consenso por este organismo especial das Nações Unidas integrado por 24 países, insiste que a "solução negociada entre os governos" da Argentina e do Reino Unido é o "único modo" de por fim à disputa pelo arquipélago do Atlântico Sul.

"Meu país já está sentado à mesa de diálogo (...) Lamentavelmente o objetivo da controvérsia está sequestrado em Londres", afirmou o chanceler argentino Héctor Timerman, presente na reunião em Nova York, ao denunciar a rejeição do Reino Unido em acatar essas resoluções não vinculantes.

Em poder da Grã-Bretanha desde 1833, as Ilhas Malvinas foram o centro de uma curta guerra travada em abril de 1982 entre Argentina e Reino Unido. O conflito terminou em junho desse ano com a vitória das forças reais e deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos.

No ano passado, e em ocasião do aniversário de 30 anos da guerra, a presidente Kirchner liderou a delegação argentina no Comitê de Descolonização da ONU, tornando-se assim a primeira mandatária a ir a este organismo.

Durante a reunião desta quinta, o chanceler Timerman também rejeitou a legalidade do referendo realizado em março com os habitantes do arquipélago, que votaram esmagadoramente (99,8%) a favor da manutenção do território como parte do Reino Unido.

"Trata-se na realidade de uma pesquisa organizada pelo governo britânico para que um punhado de cidadãos britânicos afirmassem que queriam que o território que foi ocupado militarmente fosse reconhecido pelo mundo como britânico", disse.

Também presente na sede da ONU, Mike Summers, membro da Assembleia Legislativa das Ilhas Falklands (como é denominada pelos britânicos), defendeu o resultado do referendo, reiterando o direito de seus moradores ao princípio da autodeterminação, e afirmou que a Argentina "é uma potência colonial aspirante".

Summers criticou também o Comitê de Descolonização por não "ouvir os habitantes das Malvinas", advertindo que, com isso, corre o risco de se transformar em um "anacronismo irrelevante".

O governo argentino realiza há cerca de dois anos uma agressiva campanha internacional para exigir um diálogo bilateral ao Reino Unido sem a participação dos habitantes das ilhas.

Kirchner pediu inclusive, em abril, que o recém-eleito papa Francisco, de nacionalidade argentina, intercedesse para que o diálogo pudesse ser realizado.

Mas em maio o governo britânico reafirmou que protegerá o direito à autodeterminação dos habitantes das Malvinas e de Gibraltar, sendo que este último território é reivindicado pela Espanha.

Menos de 2 milhões de pessoas vivem sob domínio colonial nos 16 territórios não-autônomos que restam no mundo, de acordo com o Comitê de Descolonização da ONU, presidido atualmente pelo equatoriano Diego Morejón Pazmiño.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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