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Oriente Médio

Mais de um milhão de refugiados por guerra civil na Síria

6 mar 2013 - 09h04
(atualizado às 09h14)
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A guerra civil na Síria, que em breve completará dois anos, forçou mais de um milhão de pessoas, a metade delas crianças, a fugirem do país, anunciou nesta quarta-feira a ONU, que adverte para uma catástrofe absoluta.

"Com a fuga de um milhão de pessoas, com milhões de deslocados dentro do país e milhares que continuam cruzando a fronteira a cada dia, a Síria segue para um desastre em grande escala", afirma em um comunicado o comissário da ONU para os refugiados, Antonio Guterres.

O número de refugiados em fuga do país aumentou "de forma dramática" desde o início do ano. Há 400.000 refugiados sírios a mais desde 1º de janeiro, informa o ACNUR.

"Estão traumatizados, sem nada e perderam parentes. Quase metade dos refugiados são crianças, em sua maioria menores de 11 anos", destacou o Alto Comissariado.

Neste mês, o conflito sírio completará dois anos. No período, mais de 70.000 pessoas morreram, segundo estimativas da ONU. A Síria tem 21 milhões de habitantes. Muitos se deslocaram pelo país para fugir dos combates e mais de um milhão fugiram da Síria.

Seguiram para Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e Egito. Cada vez mais sírios fogem para a América do Norte e para a Europa.

O impacto da maré de refugiados nos países de acolhida é "forte", destaca o ACNUR.

A população do Líbano aumentou 10%, os serviços de energia, água, saúde e educação estão no limite na Jordânia e a Turquia gastou mais de 600 milhões de dólares para instalar 17 campos de recepção e está construindo outros, segundo a agência da ONU. O Iraque recebeu mais de 100.000 sírios, apesar das própria dificuldades.

O ACNUR adverte que a capacidade de resposta humanitária está se esgotando.

"Estamos fazendo todo o possível para ajudar, mas a capacidade de resposta humanitária alcançou perigosamente seus limites. Precisamos deter esta tragédia", disse Guterres.

Enquanto isso, os combates entre as forças do governo e os rebeldes e os bombardeios prosseguiam nesta quarta-feira com a mesma intensidade.

"Helicópteros do exército bombardeiam enclaves rebeldes na parte antiga de Homs, sobretudo em Khaldiyé", no quarto dia de uma ofensiva para recuperar as zonas nas mãos dos insurgentes nesta cidade do centro da Síria, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Embora o regime de Bashar al-Assad controle cerca de 80% da cidade, batizada pelos militantes como "a capital da revolução", alguns dos bairros seguem nas mãos dos insurgentes, apesar dos oito meses de ataques.

Centenas de civis continuam presos em enclaves sob o controle dos rebeldes.

"Não sabemos como podem sair nem onde poderiam se refugiar se o exército retomasse posições rebeldes", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

No noroeste do país ocorreram bombardeios aéreos em Raqa, primeira capital provincial que caiu na segunda-feira nas mãos dos rebeldes, que também capturaram o governador e o responsável local do partido governante Baath, segundo o OSDH.

O exército, entrincheirado no quartel-general dos serviços de inteligência militar, seu último bastião na cidade, resistia aos rebeldes, que tentavam se apoderar do edifício, indicou o Observatório.

O jornal pró-regime Al-Watan afirmou, por sua vez, que "não era exato dizer que os homens armados tomaram o controle de toda a cidade de Raqa".

"As unidades do exército e da segurança travam intensos combates em vários setores da cidade e sua província", afirma o Al-Watan citando fontes civis.

Raqa foi "palco nos últimos dois dias de uma invasão de terroristas e criminosos", que semearam a destruição, escreve o jornal, recorrendo à terminologia oficial para se referir aos rebeldes.

A violência deixou na terça-feira em todo o país 159 mortos, entre eles 70 rebeldes, 47 civis e 42 soldados, segundo o OSDH, que conta com uma rede local de informantes.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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