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Oriente Médio

Mais de 30 mil pessoas participam de marcha nacionalista judaica em Jerusalém

17 mai 2015 - 17h11
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Mais de 30.000 nacionalistas judeus com bandeiras israelenses, em sua maioria adolescentes e jovens, percorreram neste domingo as principais ruas de Jerusalém, em uma passeata considerada uma provocação pela população palestina e que foi acompanhada por alguns incidentes violentos.

Sob o nome de Marcha das Bandeiras, esta demonstração de força acontece ano após ano como parte das comemorações do Dia de Jerusalém, jornada na qual as autoridades israelenses celebram o que denominam como "a reunificação" da cidade na Guerra dos Seis Dias (1967) e que para os palestinos significa o início da ocupação de Jerusalém Oriental.

A mobilização começou na primeira hora da tarde em diferentes pontos da parte oeste da cidade, onde se reuniram famílias e grupos de meninos e meninas separadamente, e terminou no Muro das Lamentações, lugar mais sagrado para o judaísmo, já na zona oriental.

Para isso, os participantes adentraram na parte antiga através do Portão de Damasco e cruzaram o bairro árabe de Cidadela em uma procissão de bandeiras azuis e brancas de Israel na qual entoavam cânticos nacionalistas judaicos em pleno território ocupado.

De acordo com estimativas da polícia, dezenas de milhares - entre 30.000 e 50.000 pessoas - participaram da marcha, que não foi a única concentração que aconteceu em Jerusalém durante a jornada.

O porta-voz da polícia israelense, Miki Rosenfeld, explicou à Agencia Efe que as autoridades tinham reforçado a vigilância com três mil agentes e unidades especiais em pontos nevrálgicos a fim de impedir os frequentes atritos entre jovens judeus exaltados e moradores palestinos.

Mas a presença das forças de segurança não impediu que ocorressem incidentes violentos nas imediações do Portão de Damasco, onde aconteceu uma manifestação palestina paralela, pouco antes da chegada da procissão de nacionalistas israelenses.

Agentes da polícia montada, apoiados por soldados antidistúrbios, dissolveram esse protesto que não tinha sido autorizado, no qual dezenas de pessoas portavam bandeiras palestinas e cantavam que "Alá é o maior".

O porta-voz policial declarou em comunicado que a concentração terminou com seis palestinos detidos por agressões a membros das forças da ordem e quatro agentes levemente feridos pelo lançamento de pedras.

Mas esse incidente não foi o único registrado na região. Duas equipes de televisão árabes que gravavam no Portão de Damasco foram cercadas e agredidas por um grupo de adolescentes judeus.

"Não nos deixaram fazer nosso trabalho, nos agrediram e nós só tentamos nos defender", relatou à Efe Jihad Muhtasem, cinegrafista de um canal de televisão jordaniano.

Tanto ele como um companheiro de outro meio árabe se viram obrigados a abandonar o ponto onde se encontravam e fizeram uso de seus tripés como única arma a seu alcance para defender sua integridade física.

Outra contramanifestação, organizada por um grupo denominado "Jerusalém Não Tolerará o Racismo", se concentrou junto à prefeitura da cidade para denunciar a violência, a instigação e o racismo contra a população palestina.

"Jerusalém não se cala perante o racismo nem a violência" ou "Basta com a ocupação" eram alguns do cartazes e palavras de ordem cantadas por cerca de duas centenas de pessoas, em sua maioria jovens e simpatizantes de formações da esquerda israelense.

"Nem todos os israelenses estamos a favor disso. Há alguns que transformaram o judaísmo em uma religião racista e de ocupação", lamentou Sidra Ezrahi, professora de Literatura da Universidade Hebraica, que acompanhou a contramanifestação.

Israel ocupou na guerra de 1967 a parte leste de Jerusalém, que anexou como parte de sua capital em 1980, medida não reconhecida nem pelos palestinos, que reivindicam essa área como capital de seu estado, nem pela comunidade internacional.

A marcha manteve neste ano o mesmo percurso de ocasiões anteriores depois que a Suprema Corte israelense rejeitou nesta semana um recurso apresentado por várias ONGs destinado a impedir que atravessasse bairros árabes da Cidade Antiga.

EFE   
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