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Oriente Médio

Liga Árabe suspende trabalho de observadores na Síria

28 jan 2012 - 11h31
(atualizado às 17h33)
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A missão de observação da Liga Árabe na Síria foi suspensa neste sábado devido ao aumento da violência no país, que deixou nos últimos quatro dias um total de 210 mortos. O anúncio da suspensão da missão da Liga Árabe ocorreu em um momento em que representantes da oposição se dispunham a viajar a Nova York para pedir ao Conselho de Segurança da ONU proteção aos civis.

As autoridades sírias disseram lamentar essa decisão, julgando que tendia a "aumentar as pressões para uma intervenção estrangeira nos assuntos sírios", segundo a agência oficial Sana.

O chefe da missão de observação da Liga Árabe na Síria, o general sudanês Mohammed Ahmed Mustapha al-Dabi, havia declarado na sexta-feira que a violência tinha aumentado muito depois de terça-feira, particularmente em Homs e em Hama (centro) e em Idleb (noroeste).

Desde terça-feira, a violência deixou pelo menos 193 mortos, dos quais 137 civis, segundo dados da AFP obtidos a partir de informações oficiais e da organização opositora Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Os 165 observadores da Liga Árabe foram mobilizados em 26 dezembro com o consentimento de Damasco para que acompanhassem a aplicação de um plano de resolução da crise prevendo o fim da violência, a libertação dos detidos, a retirada de blindados das cidades e a livre circulação da imprensa estrangeira antes da abertura de negociações. Nenhuma dessas cláusulas foi implementada pela Síria.

O ministro do Interior sírio afirmou neste sábado que o regime está determinado a restabelecer a segurança e "limpar os delinquentes do país", quando a Síria já leva 10 meses submersa na violência por uma revolta sem precedentes contra as autoridades de Damasco. "As forças de segurança estão determinadas a continuar para restabelecer a ordem e a segurança e limpar os delinquentes do território", disse Mohammad Ibrahim al Shaar, citado pela agência oficial Sana.

Neste sábado de manhã, sete soldados morreram em Damasco, entre eles um oficial, durante um ataque a um ônibus do Exército por um "grupo terrorista armado", segundo a agência. No centro do país, os confrontos entre o Exército e desertores deixaram oito mortos, declarou o chefe do OSDH, Rami Abdel Rahmane.

Na sexta-feira a violência deixou 56 vítimas fatais, incluindo 44 civis que foram mortos pelas forças de ordem em diversos pontos do país e 12 membros da segurança que morreram em dois atentados diferentes, segundo Rahmane.

Também na sexta-feira, ao fim de dez meses de revolta com milhares de mortos, segundo a ONU - incluindo pelo menos 384 crianças, segundo o Unicef -, França, Reino Unido, Alemanha e vários países árabes apresentaram ao Conselho de Segurança um projeto de resolução que recupera as linhas principais do plano anunciado há uma semana pela Liga Árabe.

Este plano prevê uma transferência do poder do presidente Bashar Al-Assad para seu vice-presidente e que o governo sírio "ponha fim imediatamente a todos os ataques e violações dos direitos humanos" contra sua população civil. Mas a Rússia se opõe a este texto, pois considera que não é uma base de acordo.

Na segunda-feira está prevista uma reunião de especialistas para indicar os pontos de desacordo antes de negociações de fundo previstas para quarta-feira. Enquanto isso, autoridades da Liga Árabe lideradas por seu secretário-geral, Nabil al-Arabi, devem expor os detalhes do plano árabe no Conselho de Segurança.

Neste contexto, o Conselho Nacional Sírio (CNS), integrado pela maioria das correntes da oposição síria, "decidiu viajar amanhã (domingo) para apresentar o caso sírio ao Conselho de Segurança, sob a direção de Bourhan Ghalioun (...) e exigir uma proteção internacional para os civis sírios", declarou Samir Neshar, membro do comitê executivo.

Para apoiar esta reivindicação, Neshar pediu que sejam organizadas manifestações no domingo diante das embaixadas sírias e russas em todo o mundo, assim como diante de representações da ONU.

A situação na Síria estava no programa de uma reunião este sábado em Istambul, com representantes dos países árabes do Golfo e da Turquia, país que condenou a repressão às manifestações.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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