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Oriente Médio

Liga Árabe pede o fim dos disparos na Síria

2 jan 2012 - 14h23
(atualizado às 14h43)
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O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, pediu nesta segunda-feira que "cessem os disparos" na Síria, cujo regime continua reprimindo os militantes partidários da democracia, apesar da mobilização de observadores desta organização pan-árabe.

Em uma coletiva de imprensa realizada no Cairo, Al Arabi afirmou nesta segunda-feira que, segundo os "últimos informes" recebidos por telefone dos observadores que se encontram na Síria, "continuam ocorrendo disparos e franco-atiradores emboscados" nas cidades rebeldes. "Os disparos devem cessar por completo", insistiu, em suas primeiras declarações desde o início da missão de observadores árabes.

Al Arabi mencionou também a possibilidade de uma reunião em breve dos ministros árabes de Relações Exteriores para avaliar esta missão de observadores da Liga.

Ao mesmo tempo, aumentaram os pedidos para que os observadores se retirem desde que chegaram a Damasco, em 26 de dezembro, já que a sangrenta repressão do regime do presidente Bashar al-Assad continua.

As forças de segurança mataram dois civis em Homs (centro), e outros quatro ficaram feridos. Um agricultor perdeu a vida durante inspeções realizadas na aldeia de Shafuinié, perto de Damasco, em busca de militantes, indicou o opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), cuja sede de encontra na Grã-Bretanha.

Por sua vez, grupos de observadores realizaram nesta segunda-feira giros por Homs, Hama (centro), Deraa (sul), onde começou o movimento de contestação, e em Daraya, perto de Damasco, para analisar a situação, segundo a agência oficial Sana.

Em Homs, os observadores foram visitar uma fábrica de cimento perto de Rastan, em vez de visitar esta cidade, onde milhares de manifestantes foram dispersos por tiros para o alto, destacou o OSDH. Já a França pediu que os observadores tenham os meios necessários para realizar sua missão.

"Nós queremos estar certos de que têm a possibilidade de ir aonde quiserem para testemunhar e para realizar de forma verossímil, objetiva e completa o mandato que receberam da Liga Árabe", declarou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores francês, Bernard Valero.

No domingo, o presidente do Parlamento Árabe, Salem al Diqbasi, pediu a "retirada imediata" dos observadores, "já que o regime sírio continua matando civis inocentes". Além disso, denunciou a ação do regime como "uma clara violação do protocolo árabe que prevê proteger o povo sírio".

Os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a mobilização na Síria, apontaram no domingo a morte de 315 civis, entre os quais 24 crianças, desde a chegada dos observadores.

A missão dos observadores árabes é criticada também pelos opositores sírios, que acusam o regime de colocar obstáculos em sua missão e expressam preocupação em relação às "posições adotadas" por seu chefe, o general Mohammed Ahmed Mustafa al Dabi.

Sua missão forma parte de um plano da Liga Árabe que prevê principalmente a liberdade de manifestação e a retirada dos veículos militares das ruas.

Alguns questionam também a eleição do chefe da missão, "o general Dabi, que pertence a um exército que cometeu crimes de guerra em Darfur", afirmou nesta segunda-feira o jornal al Hayat, em um artigo intitulado "o escândalo Al Dabi".

"A Anistia Internacional o considera responsável por casos de prisões arbitrárias e de tortura contra diversas pessoas no Sudão", destacou o jornal com sede em Londres. Um segundo grupo de observadores chegará à Síria na quinta-feira.

Observadores da Liga Árabe conversam com cidadãos sírios na província de Idlib, no norte do país
Observadores da Liga Árabe conversam com cidadãos sírios na província de Idlib, no norte do país
Foto: EFE
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