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Oriente Médio

Líderes sírios deveriam ser julgados por TPI, diz porta-voz da ONU

10 fev 2012 - 15h46
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Autoridades sírias suspeitas de terem cometido ou ordenando crimes contra a humanidade deveriam ser julgadas pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), disse nesta sexta-feira um funcionário da agência de defesa de direitos humanos das Nações Unidas.

Multidão se reúne em frente à sede da polícia, em Aleppo, após o local ser atingido por uma explosão. Pelo menos vinte e cinco pessoas morreram e 175 ficaram feridas em um duplo ataque com carro-bomba que tinha como objetivo dois prédios das forças de segurança em Aleppo, segunda maior cidade da Síria, indicou o ministério sírio da Saúde. A ação foi inicialmente reivindicada pelo Exército Livre Sírio (ELS), integrado por militares desertores, mas eles depois acusaram o regime Asad
Multidão se reúne em frente à sede da polícia, em Aleppo, após o local ser atingido por uma explosão. Pelo menos vinte e cinco pessoas morreram e 175 ficaram feridas em um duplo ataque com carro-bomba que tinha como objetivo dois prédios das forças de segurança em Aleppo, segunda maior cidade da Síria, indicou o ministério sírio da Saúde. A ação foi inicialmente reivindicada pelo Exército Livre Sírio (ELS), integrado por militares desertores, mas eles depois acusaram o regime Asad
Foto: Reuters
Luta por liberdade revoluciona norte africano e península arábica

"Acreditamos, e já dissemos isso e vamos continuar repetindo, que o caso da Síria pertence ao Tribunal Penal Internacional. Isso daria uma mensagem muito, muito forte aos que comandam o show", disse Rupert Colville, porta-voz da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em uma coletiva de imprensa.

Pillay vai se pronunciar em uma sessão sobre a Síria na Assembleia Geral da ONU em Nova York na segunda-feira, disse Colville. "Acredito que eles estão considerando uma resolução, não sei o que ela conterá", acrescentou.

Pillay, ex-juíza de crimes de guerra da ONU, pediu na quarta-feira uma ação internacional urgente para proteger civis na Síria, dizendo ter ficado horrorizada com a matança provocada pelas forças militares do governo sírio na cidade de Homs.

Duas explosões a bomba atingiram prédios do Exército e das forças de segurança na cidade de Aleppo nesta sexta-feira, matando 25 pessoas na pior violência a atingir o eixo comercial da Síria nos 11 meses de protestos contra o presidente Bashar al-Assad.

A ONU parou de divulgar o total de mortos na Síria, dizendo que a violência disseminada impossibilitava checar os relatos e fornecer números confiáveis. Mais de 5.000 pessoas morreram até 12 de dezembro, segundo suas últimas estimativas.

O governo sírio diz enfrentar a ação de "terroristas armados" que, com patrocínio estrangeiro, tentam desestabilizar o país. É difícil confirmar os relatos do governo e da oposição, já que quase toda a imprensa estrangeira foi expulsa da Síria.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

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