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Oriente Médio

Líder rebelde sírio ameaça escalada de ataques no país

3 jan 2012 - 17h03
(atualizado às 17h28)
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O comandante das forças rebeldes sírias ameaçou na terça-feira intensificar os ataques contra as tropas do presidente Bashar al Assad, e disse estar frustrado com a falta de avanços dos monitores da Liga Árabe na busca pelo fim da repressão violenta do governo contra manifestantes. "Se sentirmos que eles (monitores) continuarem não sendo sérios nos próximos dias, ou quando muito em uma semana, vamos tomar uma decisão que irá surpreender o regime e todo o mundo", disse o chefe do Exército Sírio Livre (ESL), coronel Riad al Asaad.

Imagem de vídeo mostra supostos militares desertores do "Exército sírio livre" atirando em comboio de ônibus do governo em Deal. Monitores da Liga Árabe na Síria enfrentaram multidões acaloradas, tiros e explosões durante sua segunda visita a Homs, conforme vídeos divulgados por ativistas pela Internet. A cidade de Homs é o epicentro dos protestos dos últimos nove meses contra o governo de Bashar al Assad
Imagem de vídeo mostra supostos militares desertores do "Exército sírio livre" atirando em comboio de ônibus do governo em Deal. Monitores da Liga Árabe na Síria enfrentaram multidões acaloradas, tiros e explosões durante sua segunda visita a Homs, conforme vídeos divulgados por ativistas pela Internet. A cidade de Homs é o epicentro dos protestos dos últimos nove meses contra o governo de Bashar al Assad
Foto: Reuters

A Liga Árabe disse na segunda-feira que seus monitores na Síria estão ajudando a conter a violência, e que precisam de mais tempo para fazer seu trabalho. Mas, desde a chegada dos monitores, na semana passada, as forças de segurança já mataram mais de 132 pessoas, segundo contagem da Reuters. Alguns ativistas dizem que foram 390 mortos. A ONU estima que mais de 5 mil pessoas, a maioria civis, tenham morrido em dez meses de protestos contra Assad, numa rebelião que é parte da chamada Primavera Árabe.

Em novos incidentes relatados pelo Observatório Sírio de Direitos Humanos, 18 membros das forças do governo foram mortos por dezenas de militares desertores numa delegacia de polícia em Deraa (sul). As forças de segurança também abriram fogo e mataram duas pessoas em um protesto na cidade central de Hama, no mesmo dia em que ativistas se reuniram com monitores e disseram que a equipe parecia impotente para ajudá-los.

A função dos monitores é fiscalizar a implementação de um acordo de paz que prevê a desmilitarização das cidades, a libertação de presos políticos e a instauração de um diálogo com a oposição.

Mas o coronel Asaad disse ainda estar aguardando um relatório sobre a primeira semana de trabalho dos monitores, antes de decidir-se por uma "mudança transformadora" que representaria uma grande escaladada contra as forças governistas.

"Desde que eles (monitores) entraram no país, tivemos muito mais mártires", disse o líder rebelde, falando por telefone de seu refúgio no sul da Turquia. "É do interesse do povo sírio permitir que o massacre continue?" Um comitê de ministros árabes vai discutir no sábado o relatório preliminar dos monitores, segundo fontes da Liga Árabe.

A oposição síria se queixa da pequena dimensão da missão árabe, e das tranquilizadoras declarações iniciais feitas pelo chefe da delegação, um general sudanês, após visita a Homs, um dos epicentros dos protestos. Ativistas que estiveram com os monitores na terça-feira em Hama disseram que aparentemente eles não têm liberdade de movimentos dentro da Síria.

Outros afirmaram que os monitores pareciam despreparados ou de má vontade, e que instalaram seu escritório em uma área controlada pelo governo, aonde dificilmente os ativistas poderão chegar. Houve reclamações também de que os monitores foram visitar ativistas sem levar câmeras ou cadernos para anotações.

"Não acho que eles estejam solidários, acho que estão com medo", disse o ativista Abu Faisal, presente na reunião. "Queríamos levá-los para um dos vales estreitos onde têm ocorrido muitos bombardeios. Eles não passaram dos prédios onde havia franco-atiradores. As pessoas aqui estão sendo alvejadas. Eles estão aqui para registrar os fatos, mas são covardes e medrosos demais para isso."

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