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Oriente Médio

Líder iraniano diz que ataques aéreos sauditas estão causando genocídio no Iêmen

9 abr 2015 - 16h26
(atualizado às 16h26)
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O líder do Irã classificou nesta quinta-feira como genocídio a intervenção militar de seu principal rival regional, a Arábia Saudita, no Iêmen, intensificando a retórica de Teerã contra a campanha de ataques aéreos, que já dura duas semanas.

Líder iraniano Aiatolá Ali Khamenei durante declaração em Teerã. 12/06/2009.
Líder iraniano Aiatolá Ali Khamenei durante declaração em Teerã. 12/06/2009.
Foto: Caren Firouz / Reuters

O Aiatolá Ali Khamenei disse que os sauditas não emergirão vitoriosos da guerra no Iêmen, onde os combatentes houthis, que têm apoio iraniano e controlam a capital, Sanaa, vêm tentando tomar a cidade de Áden, no sul, de milícias locais.

O Irã vem exortando insistentemente a suspensão da ofensiva aérea e pediu diálogo no Iêmen, mas os comentários de Khamenei são os mais críticos vindos de Teerã a respeito da iniciativa da Arábia Saudita e de seus aliados árabes.

“Isto é um crime e um genocídio que podem ser processados em tribunais internacionais... Riad não emergirá vitoriosa desta agressão”, declarou Khamenei, descrevendo as ações sauditas como uma agressão contra iemenitas inocentes.

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, também criticou a coalizão reunida por Riad, afirmando que ela repete erros cometidos em outras partes do mundo árabe onde a sunita Arábia Saudita e o xiita Irã apoiam facções adversárias.

Ambos se pronunciaram um dia depois de o Irã dizer que está enviando dois navios de guerra para a costa iemenita e um porta-voz da coalizão encabeçada pelos sauditas repetir as acusações de Riad, e negadas por Teerã, de que o Irã treinou e equipou as forças xiitas houthis.

O Irã convocou o representante diplomático saudita em Teerã em reação a tais “acusações sem fundamento”, relatou a agência de notícias iraniana Irna.

Os ataques aéreos incansáveis não impediram os houthis, respaldados por soldados leais ao ex-presidente iemenita Ali Abdullah Saleh, de avançar rumo ao centro de Áden.

A Arábia Saudita afirma que a campanha militar almeja deter o progresso dos houthis e reconduzir ao poder o presidente do Iêmen, Abd-Rabbu Mansour Hadi, que fugiu de Áden duas semanas atrás, para que as negociações mediadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) possam ser retomadas.

Os combates já deixaram mais de 600 pessoas mortas e mais de 100 mil desabrigados, de acordo com a ONU. Assistentes humanitários alertaram sobre uma catástrofe iminente.

REAÇÃO

Aviões de guerra da coalizão saudita atingiram alvos militares e depósitos de armas próximos da capital, assim como áreas do norte perto da fronteira com a Arábia Saudita e no sul do Iêmen, segundo autoridades locais. Eles também entregaram suprimentos militares a combatentes tribais aliados a Hadi na região de Radfan, ao norte de Áden.

Agências de assistência vêm lutando para enviar suprimentos de emergência por avião ao país, um dos mais pobres do mundo árabe. Um avião com 16 toneladas de suplementos médicos teve que retornar porque o período de permissão de aterrissagem em Sanaa se encerrou ao meio-dia, declarou uma porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

“Você não pode pousar depois disso porque os ataques (aéreos) recomeçam, e os combates”, explicou Sitara Jabeen.

O representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, na sigla em inglês) no Iêmen, Julien Harneis, disse que a entidade tenta enviar um voo de ajuda há uma semana.

“Cada dia tem surgido um problema diferente”, afirmou ele de Genebra à Reuters, e que as taxas de desnutrição aguda nas crianças pode disparar em algumas semanas e ameaçar as vidas de mais de um quarto de milhão delas.

(Reportagem adicional de Mohammed Ghobari no Cairo, Parisa Hafezi em Ancara e Stephanie Nebehay em Genebra)

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