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Oriente Médio

Líder do Hamas diz que nunca vai reconhecer Israel

8 dez 2012 - 12h27
(atualizado às 14h24)
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O líder do Hamas, Khaled Meshaal, em sua primeira visita à Faixa de Gaza, prometeu neste sábado nunca reconhecer Israel e disse que seu grupo islâmico jamais abandonaria sua reivindicação de todo o território israelense. "A Palestina é nossa do rio (Jordão) para o mar (Mediterrâneo) e do sul para o norte. Não haverá concessão de uma polegada de terra", disse ele a um mar de defensores em um comício ao ar livre, o destaque de seus três dias de estadia em Gaza.

O chefe do Hamas no exílio acena aos palestinos que acompanharam a comemoração, em Gaza
O chefe do Hamas no exílio acena aos palestinos que acompanharam a comemoração, em Gaza
Foto: AFP

"A Palestina foi e é árabe e islâmica", declarou Meshaal de um palanque montado na Praça Al Katiba, o qual era adornado com uma imagem da Cúpula da Rocha (a Mesquita de Omar) e uma réplica gigante em papelão de um foguete M-75, o mesmo utilizado pelas milícias no último confronto armado com Israel, em novembro. "A Palestina é nossa e não de outros e, por isso, nunca reconheceremos a legitimidade da ocupação de nossa terra e a presença ilegal desta ocupação na Palestina. Antes ou depois, a terra da Palestina será nossa e nunca será dos sionistas", afirmou.

Em um discurso intransigente, Meshaal também prometeu libertar prisioneiros palestinos detidos em Israel, indicando que militantes islâmicos tentariam sequestrar soldados israelenses para usá-los como moeda de troca. Israel libertou 1.027 palestinos de suas prisões no ano passado, em troca da libertação de Gilad Shalit, um soldado recruta que foi capturado por guerrilheiros palestinos em 2006 e escondido por mais de cinco anos em Gaza.

Milhares de prisioneiros palestinos permanecem em Israel. O Estado judeu diz que muitos deles são terroristas. Hamas chama-os de combatentes da liberdade. "Nós não vamos descansar até libertarmos os prisioneiros. A maneira que libertamos alguns dos prisioneiros no passado é o caminho que vamos usar para os restantes", disse Meshaal, sob aplausos da multidão que se reuniu para vê-lo.

Unidade palestina
Em seu discurso, o líder islamita defendeu a unidade das distintas facções palestinas para lutar contra a ocupação israelense e também estendeu a mão ao seu rival, o partido Fatah - liderado pelo presidente Mahmoud Abbas, que governa na Cisjordânia -, para avançarem juntos em direção à reconciliação.

"É hora de virar a página da divisão e abrir uma nova página de unidade palestina. O Hamas não tem interesse em seguir com a divisão interna, que consideramos um desastre. Nosso objetivo é a reconciliação. Convidamos Abbas e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) para acabar de verdade com essa divisão", declarou o líder.

Neste aspecto, Meshaal anunciou que, em breve, chegará uma proposta do Egito para articular essa reconciliação e louvou o avanço diplomático alcançado recentemente por Abbas nas Nações Unidas. A mudança de status na ONU da Palestina ao de Estado observador não membro "é um passo pequeno, mas muito importante, no caminho da defesa dos direitos do povo palestino", assegurou Mershaal.

O líder do Hamas, que apontou todo o mundo árabe e islâmico como responsáveis pelo avanço da causa palestina, voltou a pedir a apoio à mesma e também reivindicou "a Jihad (guerra santa) e a resistência armada" como o único caminho para recuperar os direitos perdidos. "Se a comunidade internacional tem outra opção para libertar nossa terra, que diga. Eu digo ao mundo que tentamos durante 64 anos, e o mundo não fez nada pelos palestinos. É por isso que acho que o único recurso é a resistência armada", declarou o líder após ter "abençoado as mãos" dos milicianos que "atingiram Tel Aviv com foguetes" no último confronto.

No discurso, que celebrava um quarto de século do movimento, Meshaal também prometeu aos presentes a tomada de Jerusalém, uma cidade que, segundo ele, "está no espírito, no passado, no presente e no futuro dos palestinos, a qual Israel não tem direito". O direito de retorno dos refugiados "a Gaza, Cisjordânia e a todos os territórios ocupados em 1948 (hoje Israel)" foi outra das questões abordadas por Meshaal, que assegurou que sua visita a Gaza "é o princípio desse direito de retorno, um direito que é sagrado".

A defesa da inclusão do Hamas na Organização para a Libertação da Palestina (OLP) também foi citada por Meshaal, que, além disso, também deu seu apoio à realização de eleições gerais e legislativas, afirmando que o Hamas "apoia a democracia".

As festividades pelo 25º aniversário do movimento islamita Hamas, que coincide com os 25 anos do começo da Primeira Intifada, contaram com a participação de membros de todas as facções palestinas, incluindo do Fatah, o que já poderia supor um avanço em direção a uma reconciliação real entre os dois principais partidos palestinos. Segundo o Hamas, 500 mil pessoas marcaram presença no evento festivo, sendo que mais de 2,5 mil representava delegações procedentes de mais de mais de dez países islâmicos e árabes.

Com informações das agências Reuters e EFE

Fonte: Terra
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