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Oriente Médio

Líbia anuncia morte do jihadista Belmokhtar; EUA permanecem prudentes

15 jun 2015 - 18h42
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A Líbia anunciou a morte do jihadista argelino Mojtar Belmojtar - considerado autor intelectual do ataque e da tomada de reféns em uma usina de gás na Argélia em 2013 - em um bombardeio americano em território líbio, mas os Estados Unidos não confirmaram a morte.

O Pentágono indicou que Belmokhtar havia sido alvo de um bombardeio americano e que foram empregados dois caças F-15, equipados com bombas teleguiadas e drones para tentar matar o jihadista. Não deu detalhes, porém, se ele foi morto, ou não.

"Nossa primeira avaliação é que o bombardeio conseguiu" matar Belmokhtar, "mas não estamos em condições" de confirmar essa avaliação, "porque ainda não terminamos" nosso processo de verificação, declarou na tarde desta segunda-feira, em Washington, o porta-voz do Pentágono, coronel Steve Warren.

"Dois aviões F-15 Eagle, armados com bombas teleguiadas de 500 libras (n.r: 250 quilos)" foram enviados ao ataque contra Belmokhtar "no leste da Líbia", acrescentou Warren.

O Exército americano decidiu usar esses aviões e bombas, porque eram necessários para atacar uma "estrutura dura, um edifício", explicou o porta-voz.

Os drones de observação fizeram parte da operação americana, informou um funcionário do Departamento da Defesa, acrescentando que não havia tropas americanas no terreno no momento do ataque.

O presidente francês, François Hollande, avaliou que há "uma grande probabilidade" de que o líder jihadista argelino tenha sido abatido. Segundo Hollande, os serviços secretos franceses sabiam que ele estava na Líbia.

"O alvo desta operação era Mokhtar Belmokhtar", confirmou mais cedo, em Paris, a secretária da Força Aérea americana, Deborah Lee James, sem se pronunciar sobre o destino dele.

Washington oferecia uma recompensa de cinco milhões de dólares por sua cabeça. O chefe da base francesa de Gao, no norte do Mali, coronel Luc Lainé, tinha em seu escritório uma foto de Belmokhtar, o mais notório chefe jihadista do Sahel.

"Para me lembrar que ele existe e que quer me machucar", explicou recentemente Lainé à AFP.

"O ataque foi realizado por um avião americano. Seguimos avaliando os resultados da operação e daremos mais detalhes quando for oportuno", havia afirmado mais cedo o porta-voz do Pentágono, coronel Steve Warren.

Se for confirmado, o falecimento de Belmokhtar representará um êxito na luta dirigida pelos Estados Unidos contra os chefes dos grupos jihadistas, perseguidos em vários países pelas forças americanas.

Segundo o porta-voz do governo líbio reconhecido pela comunidade internacional, "este ataque ocorre no âmbito do apoio internacional que sempre reivindicamos para combater os grupos terroristas na Líbia".

"A coordenação com os Estados Unidos continuará na luta contra os terroristas", acrescentou Hatem al-Uraybi.

No domingo, um funcionário do governo líbio reconhecido havia anunciado que o chefe jihadista foi morto em um "bombardeio do Exército americano" contra uma propriedade em Ajdabiya, 160 km a oeste de Benghazi, capital do leste líbio.

Segundo ele, Belmokhtar mantinha ali "uma reunião com outros chefes de grupos extremistas, incluindo membros do Ansar Asharia", um grupo líbio vinculado à Al-Qaeda e catalogado como terrorista pela ONU.

Nas redes sociais, as contas jihadistas mencionavam sete mortos no bombardeio.

Uma página do Facebook de um grupo islamita de Ajdabiya publicou na manhã de domingo fotografias de corpos, assim como os nomes das pessoas abatidas, sem fazer qualquer referência a Belmokhtar.

Não é a primeira vez em que a morte do líder jihadista argelino é anunciada.

O Chade o declarou morto em abril de 2013, três meses depois do ataque contra a usina de gás de In Amenas, na Argélia. No entanto, um mês depois, em maio de 2013, Belmokhtar assumiu a autoria de um duplo atentado suicida que deixou 20 mortos no Níger.

Nascido em junho de 1972 em Gardaya, perto do Saara, Mokhtar Belmokhtar começou a combater aos 19 anos no Afeganistão, em 1991. Ali perdeu um de seus olhos, ganhando o apelido de "caolho".

Ex-chefe do grupo Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), do qual foi expulso, criou no fim de 2012 sua própria unidade combatente, intitulada "Os que assinam com sangue".

Em janeiro de 2013, Belmokhtar reivindicou o ataque e a tomada maciça de reféns no complexo de gás de In Amenas, no Saara argelino. No episódio, 37 estrangeiros, um argelino e 29 captores morreram.

O grupo jihadista Al Murabitun, leal à rede Al-Qaeda, nasceu em 2013 da fusão do grupo "Os que assinam com sangue" de Belmokhtar e do Movimento para a União e a Jihad na África Ocidental (MUYAO), no norte do Mali.

No mês passado, um dirigente do grupo anunciou sua adesão ao Estado Islâmico (EI), mas Belmokhtar não demorou para se distanciar destas declarações, deixando em evidência a luta interna pelo poder da organização.

Mergulhada no caos desde a queda em 2011 de Muammar Kadhafi, a Líbia é palco de violentos combates entre milícias fortemente armadas e conta com dois governos e parlamentos rivais.

Organizações jihadistas se aproveitaram desse caos, entre elas o EI. O grupo se implantou no país no ano passado.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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