PUBLICIDADE

Oriente Médio

Libertação de presos e anúncios de colônias antecedem diálogo em Jerusalém

13 ago 2013 - 15h16
(atualizado às 15h24)
Compartilhar

Israelenses e palestinos voltam amanhã, quarta-feira, à mesa de negociação em Jerusalém para iniciar formalmente um novo processo de paz, após a libertação, na próxima madrugada, de 26 palestinos e depois dos anúncios de novos assentamentos no território ocupado.

A política seguida por Israel com os palestinos, definida por muitos como "morde e assopra" embora a libertação de prisioneiros não tenha sido livre de críticas por não incluir reclusos de Jerusalém Oriental ou moradores de Israel ou pelo procedimento unilateral seguido para sua libertação.

Israel se comprometeu a libertar 103 presos palestinos de suas prisões antes dos Acordos de Oslo (1993) para abrir o caminho ao retorno ao diálogo, paralisado há cerca de três anos.

Os 26 que serão libertados por volta da meia-noite de hoje são os primeiros de um total de quatro rodízios de presos palestinos que irão para as ruas dependendo do curso da negociação.

Os trâmites para sua libertação começaram depois que uma comissão ministerial aprovou a lista na meia-noite de segunda-feira.

De acordo com sua procedência, 14 dos presos oriundos de Gaza serão conduzidos ao terminal fronteiriço de Erez, no norte da faixa, e os 12 restantes da Cisjordânia, ao cruzamento de Betunia, próximo a Ramala, explicou à Agência Efe uma fonte do serviço penitenciário israelense.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, instruiu as autoridades das cidades da Cisjordânia de onde são os prisioneiros que preparem recepções para receber os libertos, e a cerimônia oficial vai acontecer na sede do governo de Ramala, a Muqata, já de madrugada.

Dos presos, 21 foram condenados pela morte de israelenses ou por suspeita de colaborarem com o inimigo e, os restantes, por seu envolvimento em tentativas de assassinato ou sequestro. A maioria passou mais de duas décadas atrás das grades.

Os palestinos argumentam que os que serão libertados agiram em épocas de conflito, antes que as duas partes assinassem em primeiro acordo interino em 1994.

No entanto, sua libertação gera um impasse em Israel e o diretor da associação de vítimas do terrorismo Almagor, Meir Indor, considera a medida "uma hesitação diante das organizações terroristas palestinas".

No domingo, o Ministério de Habitação israelense anunciou de licitações para a construção de 1.200 casas em Jerusalém e na Cisjordânia e a aprovação de outro projeto, revelado hoje, para construir mais de 900 casas em Gilo, ao sul da Jerusalém ocupada em 1967.

"Todos esses anúncios de planos aprovados há tempo têm o único objetivo de atrapalhar os diálogos", disse à Agência Efe Pepe Alalu, vereador do município de Jerusalém do partido pacifista Meretz.

De fato, os anúncios enfureceram os palestinos, que acusam os israelenses de sabotar o diálogo antes de começar.

"Está claro que o governo israelense tenta sabotar deliberadamente os esforços dos EUA e a comunidade internacional para retomar as negociações aprovando mais assentamentos", lamentou o negociador palestino Mohammed Shtaye.

De acordo com os veículos de imprensa locais, os anúncios são uma maneira de apaziguar os ânimos dos setores mais direitistas do Executivo de Benjamin Netanyahu, reticentes quanto à libertação de presos.

O secretário de Estado americano, John Kerry, descartou ontem em Bogotá que os anúncios de novas colônias sejam um "contratempo" e detalhou que eram "algo esperado até certo ponto".

Kerry persuadiu "todas as partes a não reagirem e não fazerem" e reiterou que Washington, principal patrocinador do processo de paz que começa amanhã, considera "todos os assentamentos ilegítimos".

Por sua vez, o movimento islamita palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, advertiu na segunda-feira que Abbas não está autorizado para negociar com Israel.

O destacado dirigente do grupo em Gaza, Mahmoud Zahar, manifestou que o reatamento das conversas com Israel "contradizem o consenso nacional palestino" e que o presidente palestino "ignorou os poderes e as facções políticas".

EFE   
Compartilhar
Publicidade