Com a chegada dos inspetores da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Líbano neste sábado, vindos da capital síria Damasco, onde encerraram as investigações do suposto uso de armas químicas no dia 21 de agosto, a população libanesa aguarda com um misto de angústia, tensão e expectativa os ataques "iminentes" dos Estados Unidos contra o regime de Bashar al-Assad.
Nos últimos dias, uma série de eventos levou o Líbano a aguardar com ansiedade o desenrolar dos acontecimentos na região, de declarações políticas a ameaças de que o grupo xiita libanês Hezbollah, aliado do governo sírio, lançaria foguetes contra Israel em retaliação, levando a um aumento do conflito, com "consequências fatais para o Líbano", segundo definiu a mídia libanesa.
O clima de tensão no Líbano vem aumentando a cada dia com novos incidentes e acontecimentos - ruas vazias em muitos bairros, ameaças de atentados à bomba por grupos desconhecidos ligados à Al Qaeda, forte presença do exército pelo país e a capital Beirute, aumento da segurança nos bairros controlados pelo Hezbollah e a fuga de estrangeiros do país.
O governo libanês já vinha tentando se distanciar da crise síria, mas divisões entre partidos pró e antigoverno sírio tornaram a tarefa de neutralidade uma missão quase impossível. Além dos atentados recentes contra sunitas e xiitas, levando a um temor de guerra sectária, o país já sofre com a grande quantidade de refugiados sírios, que chegam a quase 1 milhão, minando a frágil infraestrutura libanesa.
Temendo que os bombardeios aéreos americanos e franceses atingirão também áreas civis, um grande número de sírios atravessou a fronteira libanesa nos últimos dias, contribuindo para um maior nervosismo entre os libaneses.
Diante das evidências que aponta para o uso de armas químicas pelo regime sírio na guerra civil do país, a comunidade internacional costura a possibilidade de uma intervenção militar para "punir" o governo de Bashar al-Assad. Apesar de teoricamente uma intervenção precisar de apoio do Conselho de Segurança da ONU, algumas fontes aponta que o início de um ataque militar é iminente. Esta eventual ação seria liderada pelos Estados Unidos e reuniria vários países ocidentais, como a França e a Grã-Bretanha, com o apoio de países da região, como a Turquia. Conheça parte do arsenal bélico e das instações desta coalizão para um eventual ataque. Na imagem, o destróier americano USS Gravely, na costa da Grécia, em junho de 2013
Foto: AFP
Avião americano F-16 decolando de base aérea em Azraq, na Jordânia
Foto: AFP
Tanques israelenses nas Colinas de Golã, próximo à fronteira com a Síria
Foto: AFP
Aviões americanos F-15 Eagles
Foto: AFP
Avião americano F-16CJ na base aérea de Incirlik, na Turquia
Foto: AFP
Soldados americanos descarregam mísseis AIM-9 Sidewinder na base aérea de Incirlik
Foto: AFP
Bombas MK-82 na base aérea americana de Incirlik, na Turquia
Foto: AFP
Sistema de defesa Patriot em Kahramanmaras, na Turquia
Foto: AFP
Porta-aviões americano USS Harry S. Truman e o navio-tanque USNS Leroy Grumman, no Mar Mediterrâneo
Foto: AFP
Helicóptero Apache da Real Força Aérea britânica
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Avião AV-8B Harrier decola do porta-aviões USS Kearsarge, no Mar Mediterrâneo
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Aviões bombardeiros Tornado da Real Força Aérea britânica
Foto: AFP
Base aérea britânica em Limassol, no Chipre
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Destróier americano USS Mahan
Foto: EFE
Porta-aviões americano USS Harry S. Truman e o navio de guerra USS Gettysburg
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Destróier USS Ramage
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Destróier americano USS Barry, no Mar Mediterrâneo
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Porta-aviões nuclear francês Charles de Gaulle
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Míssil Tomahawk disparado do destróier USS Barry
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Bateria de defesa israelense Domo de Ferro, em Haifa
Foto: Reuters
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Hezbollah
De todos, o maior temor no Líbano é que eventuais bombardeios contra a Síria gerem uma reação retaliatória do grupo militante xiita Hezbollah, aliado da Síria, contra cidades israelenses. Israel, por sua vez, já estaria preparando suas defesas contra foguetes disparados por militantes e orienta sua população a tomar medidas preventivas - como o uso de máscaras contra gás e abrigos.
Mas para os libaneses, uma reação militar de Israel contra o Líbano provoca temores de que o governo israelense lançaria amplos ataques em resposta. Vários ministros israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, alertaram que o governo libanês seria responsabilizado caso o Hezbollah atacasse o país.
Relatos da mídia libanesa de que o Hezbollah já estaria reforçando sua presença na fronteira sul com Israel para um possível ataque elevaram as preocupações da população. O exército libanês também aumentou o número de tropas no sul do país.
Evacuação e segurança
Além do desenrolar político, diplomático e militar, os libaneses viram nos últimos dias a fuga de uma parcela de estrangeiros do país. O Kuwait chegou a enviar um avião na última quinta-feira, para retirar seus cidadãos do Líbano. Companhias aéreas ocidentais também tomaram medidas preventivas e cancelaram vários voos noturnos para Beirute até segunda ordem, aumentando as especulações e medo entre os libaneses.
<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/reportagem-internacional/iframe2.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/reportagem-internacional/iframe2.htm">veja o infográfico</a>
Temendo ataques de militantes radicais filiados à Al Qaeda e atentados dentro do Líbano e prevendo uma fronteira instável caso a Síria seja atacada pelos EUA e França, o comando do exército libanês enviou um grande contingente de tropas para as fronteiras com a Síria, além de reforçar sua presença na capital e outras cidades.
O próprio Hezbollah aumentou as medidas de segurança nos bairros controlados pelo grupo, com barreiras montadas por militantes que revistavam carros e questionavam pessoas, uma medida anunciada para evitar mais atentados à bomba, como dois recentes em Dahiyeh, ao sul de Beirute, e um dos principais redutos do Hezbollah.
Enquanto isso, políticos tentam acalmar a população e evitar que o Líbano sofra consequências ainda maiores. Mas com um clima bastante tenso, libaneses esperam pelo desenrolar dos próximos dias com ansiedade.
Menino vítima de ataque com armas químicas recebe oxigênio
Foto: Reuters
Menina é atendida em hospital improvisado após o ataque
Foto: AP
Homens recebem socorro após o ataque com arma químicas, relatado pela oposição e ativistas
Foto: AP
Mulher que, segundo a oposição, foi morta em ataque com gases tóxicos
Foto: AFP
Homens e bebês, lado a lado, entre as vítimas do massacre
Foto: AFP
Corpos são enfileirados no subúrbio de Damasco
Foto: AFP
Muitas crianças estão entre as vítimas, de acordo com imagens divulgadas pela oposição ao regime de Assad
Foto: AP
Corpos das vítimas, reunidos após o ataque químico
Foto: AP
Imagens divulgadas pela oposição mostram corpos de vítimas, muitas delas crianças, espalhados pelo chão
Foto: AFP
Meninas que sobreviveram ao ataque com gás tóxico recebem atendimento em uma mesquita
Foto: Reuters
Ainda em desespero, crianças que escaparam da morte são atendidas em mesquita no bairro de Duma
Foto: Reuters
Menino chora após o ataque que, segundo a oposição, deixou centenas de mortos em Damasco
Foto: Reuters
Após o ataque com armas químicas, homem corre com criança nos braços
Foto: Reuters
Criança recebe atendimento em um hospital improvisado
Foto: Reuters
Foto do Comitê Local de Arbeen, órgão da oposição síria, mostra homem e mulher chorando sobre corpos de vítimas do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Nesta fotografia do Comitê Local de Arbeen, cidadãos sírios tentam identificar os mortos do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Homens esperam por atendimento após o suposto ataque químico das forças de segurança da Síria na cidade de Douma, na periferia de Damasco; a fotografia é do escrtitório de comunicação de Douma
Foto: Media Office Of Douma City / AP
"Eu estou viva", grita uma menina síria em um local não identificado na periferia de Damasco; a imagem foi retirada de um vídeo da oposição síria que documenta aquilo que está sendo denunciado pelos rebeldes como um ataque químico das forças de segurança da Síria assadista
Foto: YOUTUBE / ARBEEN UNIFIED PRESS OFFICE / AFP
Nesta imagem da Shaam News Network, órgão de comunicação da oposição síria, uma pessoa não identificada mostra os olhos de uma criança morta após o suposto ataque químico de tropas leais ao Exército sírio em um necrotério improvisado na periferia de Damasco; a fotografia, de baixa qualidade, mostra o que seria a pupila dilatada da vítima
Foto: HO / SHAAM NEWS NETWORK / AFP
Rebeldes sírios enterram vítimas do suposto ataque com armas químicas contra os oposicionistas na periferia de Damasco; a fotografia e sua informação é do Comitê Local de Arbeen, um órgão opositor, e não pode ser confirmada de modo independente neste novo episódio da guerra civil síria
Foto: YOUTUBE / LOCAL COMMITTEE OF ARBEEN / AFP
Agências internacionais registraram que a região ficou vazia no decorrer da quarta-feira
Foto: Reuters
Mais de mil pessoas podem ter morrido no ataque químico, segundo opositores do regime de Bashar al-Assad
Foto: Reuters
Cão morto é visto em meio a prédios de Ain Tarma
Foto: Reuters
Homens usam máscara para se proteger de possíveis gases químicos ao se aventurarem por rua da área de Ain Tarma
Foto: Reuters
Imagem mostra a área de Ain Tarma, no subúrbio de Damasco, deserta após o ataque químico que deixou centenas de mortos na quarta-feira. Opositores do governo sírio denunciaram que forças realizaram um ataque químico que matou homens, mulheres e crianças enquanto dormiam