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Oriente Médio

Judeus guardam luto e fazem jejum em memória das tragédias de seu povo

15 jul 2013 - 16h28
(atualizado às 16h38)
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Os judeus de todo o mundo iniciam no anoitecer desta segunda-feira a comemoração de Tishá Beav, uma jornada de jejum na qual lamentam a destruição dos templos bíblicos de Jerusalém, entre outras tragédias sofridas por seu povo.

Esta data do calendário hebreu, literalmente o nono dia do mês de Av, começa hoje com o pôr do sol e conclui amanhã no mesmo momento e é considerada a mãe de todos os lutos e desgraças dos judeus. Lembra em primeiro lugar o desaparecimento dos dois santuários bíblicos de Jerusalém: o construído pelo rei Salomão e destruído por Nabucodonosor no ano 587 a.C., e o segundo templo, reconstruído por Herodes e de maior grandeza, arrasado pelas tropas do imperador romano Tito no ano 70 de nossa era.

"Trata-se de um dia geral de luto, pranto e pessimismo que concentra todas as desgraças sofridas pelo povo judeu como a destruição dos dois templos de Jerusalém, a expulsão da Espanha e diferentes massacres ao longo da história", explicou à Agência Efe Jonathan Rosenblum, jornalista ultra-ortodoxo e fundador do Centro de Recursos Judeus.

Esta comemoração de origem rabínica representa uma data que os judeus consideram um ponto de inflexão em sua história, pois a destruição trouxe consigo o início de uma longa diáspora. "Lembramos em Tishá Beav sucessivas desgraças que tiveram continuidade na Segunda Guerra Mundial", acrescentou Rosenblum.

Entre elas, estão a assinatura do édito de expulsão da Espanha em 1492, um massacre no antigo povoado de Beitar (sudoeste de Jerusalém) nas mãos do imperador Adriano no ano 135, um ataque em massa em uma sinagoga de Paris durante a Segunda Guerra Mundial e a deportação em massa do gueto de Varsóvia ao campo de extermínio nazista de Treblinka (Polônia) em 1942.

Os mais devotos guardam um estrito jejum que se prolonga 25 horas, assim como no Yom Kippur, o dia mais sagrado do judaísmo, ao qual se somam todas as abstinências possíveis: não comer, beber, lavar-se, perfumar-se, calçar sapatos de couro ou manter relações sexuais. As sinagogas abrigam longas horas de orações que os fiéis realizam no chão, e não nos bancos de madeira, como símbolo da destruição dos templos.

Embora o dia não seja festivo em Israel, vários negócios e comércios fecham suas portas a parti de hoje, especialmente em Jerusalém, cidade onde se concentra a religiosidade do país.

O Muro das Lamentações de Jerusalém, um dos poucos vestígios do templo que o rei Herodes mandou construir, se transforma a partir desta tarde no centro de todas as preces e prantos. Também conhecida como parede ocidental, o muro circundava o recinto onde foram alçados os templos judeus e que hoje é a Esplanada das Mesquitas, também conhecida como Monte do Templo e considerada pelos muçulmanos como Nobre Santuário ("Haram Al-Sherif").

Às vésperas do início da jornada de luto, organizações de extrema-direita judaicas divulgaram uma pesquisa que revela que 30% dos israelenses judeus são a favor da construção de um novo templo no lugar do original. As organizações impulsoras do estudo se mostram satisfeitas por entender que o resultado reflete uma tendência na percepção que o Monte do Templo é o lugar mais sagrado e importante para o judaísmo. O recinto também é o centro espiritual das reivindicações políticas dos palestinos em Jerusalém, em cuja parte oriental esperam estabelecer a capital de seu Estado.

Grupos de extrema-direita judeus vinculados a essas organizações visitam em algumas ocasiões o lugar para reivindicar sua presença sobre o que consideram como Monte do Templo e costumam provocar distúrbios com os palestinos que rezam ali. Os judeus dos setores mais ultra-ortodoxos cumprem a proibição de pisar no recinto sagrado enquanto não aconteça a chegada do Messias, após o que será construído o terceiro templo.

EFE   
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