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Oriente Médio

Israelenses e palestinos retomam negociações de paz 3 anos depois

29 jul 2013 - 11h49
(atualizado às 11h53)
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As negociações de paz diretas entre israelenses e palestinos serão retomadas nesta segunda-feira em Washington após um período de congelamento de três anos, em meio às diversas reações de Israel à decisão de libertar prisioneiros palestinos.

"É um dia muito especial", declarou nesta segunda-feira em Riga o presidente israelense, Shimon Peres. "O Oriente Médio encontra-se em uma situação tempestuosa. Esperamos que o Oriente Médio supere a tempestade e possa alcançar a paz".

Os Estados Unidos anunciaram no domingo que as primeiras reuniões entre israelenses e palestinos irão ocorrer "no dia 29 de julho à tarde e terça-feira, 30 de julho" para "retomar formalmente as negociações diretas".

"Estas negociações serão uma ocasião para desenvolver um plano de trabalho que determinará como as partes procederão nas negociações nos decorrer dos próximos meses", disse o departamento de Estado.

Com sua aposta por uma diplomacia discreta, o secretário americano de Estado, John Kerry, alcançou na semana passada, durante sua sexta viagem à região, um acordo para a retomada das negociações, congeladas desde setembro de 2010.

Assim, convidou pessoalmente o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a enviar seus representantes a Washington.

As últimas negociações de paz foram curtas devido à decisão de Israel de prosseguir com a colonização da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. Desta vez, as negociações serão dirigidas pela ministra de Justiça Tzipi Livni pela parte israelense e pelo negociador chefe Saeb Erakat pela parte palestina, com a presença permanente de funcionários de alto escalão do governo.

Livni estará acompanhada por Yitzhak Molcho, emissário pessoal de Netanyahu, segundo meios de comunicação israelenses.

Como prova da fragilidade deste início de negociação encontra-se a decisão do governo israelense, anunciada no domingo, de aprovar a libertação de 104 prisioneiros palestinos detidos antes dos acordos de Oslo de 1993, que foi bem recebida pela Autoridade Palestina, mas que provocou fortes reações em Israel.

"Trata-se de uma etapa importante e (nós) esperamos poder ter a oportunidade facilitada pelos esforços do governo americano para alcançar um acordo de paz durável e justo", declarou à AFP o negociador palestino, Saeb Erakat.

O jornal israelense Yediot Aharonot, por sua vez, rejeitou esta medida e escreveu em sua primeira página: "Os assassinos serão libertados".

Os nomes dos prisioneiros não foram divulgados, mas a lista incluirá assassinos de mulheres e crianças israelenses, afirmam os meios de comunicação. "Aqui estamos de novo", afirmava o Jerusalem Post. "Os assassinos serão recebidos como heróis em Hebron, Ramallah e Yenin", criticava.

Apenas o jornal de esquerda Haaretz recebia com otimismo a decisão de libertar os prisioneiros: "O governo israelense decidiu no domingo encarar a realidade de frente", afirmou.

"Existem momentos nos quais é preciso tomar decisões difíceis para o bem do país e este é um destes momentos", afirmou Netanyahu diante de seus ministros no início da reunião.

Qadura Fares, chefe do Clube de Prisioneiros Palestinos, afirmou no domingo antes da votação que não iria ocorrer nenhuma negociação com o Estado hebreu sem a libertação dos 104 detidos. "Se não libertarem todos não haverá negociações", afirmou.

Antes de aprovar a libertação dos prisioneiros palestinos, o Conselho de Ministros adotou um projeto de lei que prevê um referendo em caso de acordo de paz com os palestinos. Esta seria a última etapa necessária para ratificar um eventual acordo, após a aprovação do governo israelense e do parlamento.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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