Israel recebe com frieza acusação de crimes de guerra
O Governo de Israel recebeu com frieza o relatório apresentado hoje por um Comitê da ONU que acusa o país, junto com a milícia do movimento islamita palestino Hamas, de ter cometido "crimes de guerra" durante sua ofensiva na Faixa de Gaza de dezembro e janeiro passados.
Desde o início, Israel se recusou a cooperar com a investigação liderada pelo jurista sul-africano Richard Goldstone, por considerar que sua orientação era "claramente parcial" e que "ignorava os milhares de ataques de mísseis do Hamas contra civis no sul de Israel que fizeram necessária a operação em Gaza", argumentou o Ministério de Assuntos Exteriores israelense em comunicado.
"Apesar das reservas, Israel lerá o relatório com atenção, como faz com todos os relatórios preparados por organizações nacionais e internacionais", acrescentou.
Fontes da diplomacia israelense asseguraram à Agência Efe que o resultado do texto "não representa um decepção, porque não havia expectativas".
"O documento não investiga o que ocorreu antes do ataque, só analisa a resposta", lamentaram as fontes, que falaram sob condição de anonimato, em alusão aos 23 dias da ofensiva "Chumbo Fundido", que matou 1.400 palestinos, civis em sua maioria.
Em sua nota, o Ministério de Assuntos Exteriores israelense afirma que "davam legitimidade à organização terrorista Hamas e falavam por alto sobre a deliberada estratégia do Hamas de usar civis palestinos como escudo para lançar ataques terroristas".
Com quase 600 páginas, o documento foi apresentado hoje na sede das Nações Unidas em Nova York por Goldstone após meses de investigações.
"A missão concluiu que as ações ocorridas constituem crimes de guerra e possivelmente crimes contra a humanidade", disse o jurista na apresentação.