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Oriente Médio

Israel: paz implicará dolorosas concessões mas é único caminho

28 mai 2013 - 14h46
(atualizado às 14h59)
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A ministra da Justiça de Israel e encarregada das negociações com os palestinos, Tzipi Livni, afirmou nesta terça-feira que a paz baseada na solução de dois Estados implicará "dolorosas concessões" mas considerou que esta "a única via" para a sobrevivência do país como um Estado democrático.

Em um encontro com diplomatas e correspondentes estrangeiros em Jerusalém, em um momento em que se fala sobre a possibilidade de retomar o processo de paz em poucas semanas, Livni reconheceu que o tempo "corre contra da solução de dois Estados".

"Cada dia que se passa sem uma solução ao conflito ou sem negociações é uma vitória para alguns, mas esses são felizmente uma minoria em Israel", afirmou a responsável do processo de paz, que se reuniu em quatro ocasiões com o secretário de Estado americano, John Kerry, nos últimos cinco dias.

Na sexta-feira passada, após visitar pela quarta vez a região desde que chegou ao cargo, Kerry disse que esperava respostas da parte palestina e israelense aos seus últimos esforços no prazo de uma ou duas semanas e pediu que fossem tomadas "decisões difíceis e necessárias" para possibilitar o reatamento das conversas, em suspenso desde setembro de 2010.

"Espero que iniciemos as negociações em um próximo futuro", disse hoje Livni, embora tenha reconhecido que "ainda existem coisas para serem fechadas" antes de Israel voltar a se sentar com os palestinos.

A ministra admitiu que Israel deve escolher entre as opções "menos ruins" e advertiu que um futuro acordo implicará "dolorosas concessões para todos e cada um dos cidadãos israelenses", mas apesar disso frisou que a paz "é necessária".

"Está claro que teremos que tomar alguns riscos, mas serão riscos calculados", afirmou Livni, para quem a "segurança de Israel deve ser preservada nas negociações".

Livni, ministra das Relações Exteriores entre 2006 e 2009, foi chefe da oposição durante a legislatura passada após ser incapaz de formar governo apesar de ser a líder do partido mais votado, o centrista Kadima.

Nas últimas eleições, em janeiro, Livni conseguiu com sua nova formação, o Hatnuah, apenas seis deputados, que no entanto serviram para transformar o partido em um dos membros mais importantes da nova coalizão de governo formada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Livni destacou que seu papel no novo Executivo é "colocar de novo a paz como parte da agenda", após as conversas entre israelenses e palestinos terem ficado de fora do debate político nacional nos últimos anos.

Segundo sua opinião, retomar as negociações pode, além disso, contribuir para mudar o processo de "deslegitimização" que Israel enfrenta diante da comunidade internacional.

"Perder legitimidade reduz as possibilidades de defender a si próprio", afirmou frente aos que argumentam que um acordo com os palestinos poderia pôr Israel em risco, como assegurou ontem o ministro da Economia, Naftali Benet, líder do partido ultradireitista Habait Hayehudi.

Livni destacou que as negociações precisam dar resposta a "todas as questões", entre elas assuntos como fronteiras, refugiados, segurança, água e Jerusalém.

"É a única maneira de acabar com o conflito", disse antes de ressaltar que os palestinos precisam declarar claramente que o acordo "será o final do conflito".

Neste sentido, pediu para a comunidade internacional e especialmente a Europa não tornar a organização mais forte, que segundo ela "não é uma parceira para a paz e não está disposta a reconhecer a existência de Israel".

"Há um elefante no quarto que é a Faixa de Gaza", afirmou a ministra, explicando que Israel só aceitará que o território seja parte do Estado palestino se não estiver controlado por grupos violentos ou terroristas.

Em relação à questão dos refugiados, a ministra afirmou que o futuro Estado palestino deverá recebê-los e descartou que estes possam voltar a seus lugares de origem, que estão atualmente em Israel.

Livni disse que precisa existir um "equilíbrio" entre os assuntos que serão negociados previamente ao início das conversas propriamente ditas.

"Se eles querem falar sobre fronteiras primeiro, deverão fazer isso também sobre a segurança de Israel", afirmou em referência à insistência palestina para que a parte israelense apresente um mapa com os limites de seu futuro Estado antes de entrar em outra questão.

EFE   
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