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Oriente Médio

Israel: oligarquia fanática não é melhor que falta de democracia

31 jan 2011 - 12h38
(atualizado às 13h05)
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Israel deseja a manutenção no poder do presidente egípcio, Hosni Mubarak, a quem o chefe de Estado israelense, Shimon Peres, deu respaldo nesta segunda-feira ao afirmar que "uma oligarquia fanática religiosa não é melhor que a falta de democracia".

Começa greve geral no Egito:

Sobre o terremoto político que vive o Egito há uma semana, Peres não ocultou sua posição, e deixou claro que Israel "sempre teve e tem grande respeito pelo presidente Mubarak".

"Não dizemos que tudo o que ele faz é correto, mas que fez uma coisa pela qual lhe somos gratos: manter a paz no Oriente Médio", disse o presidente israelense durante uma cerimônia de recepção de novos embaixadores em sua residência oficial.

Peres ressaltou que "o povo pensa que a democracia é só um título, mas é muito mais que isso. Também significa paz e liberdade", informou o jornal israelense Jerusalem Post.

As declarações do chefe do Estado coincidem com a difusão pela imprensa local de pressões de Israel a seus parceiros ocidentais para que desçam o tom de suas críticas ao regime de Mubarak, que o povo egípcio e a oposição tentam derrubar.

Fontes oficiais citadas pelo jornal Ha'aretz disseram que o Ministério de Relações Exteriores israelense enviou no sábado um comunicado a suas embaixadas em Rússia, Estados Unidos, Canadá, China e vários países europeus para pedir aos embaixadores que insistam perante as autoridades locais respectivas sobre a importância que tem para Israel a estabilidade no Egito. No entanto, porta-vozes do governo israelense consultados pela Agência Efe não confirmaram essa informação.

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro.Depois Já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.



EFE   
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