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Oriente Médio

Israel licita mil casas antes de negociações de paz com palestinos

11 ago 2013 - 19h49
(atualizado às 20h12)
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O Ministério da Habitação israelense anunciou domingo a publicação de uma licitação para a construção de cerca de 1.000 casas em assentamentos da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, pouco antes da retomada de novas negociações com os palestinos.

"A licitação será publicada" durante o dia para 793 casas em Jerusalém Oriental e 394 na Cisjordânia, disse o comunicado do Ministério.

O anúncio mostra que Israel não encara com seriedade as negociações de paz, declarou neste domingo o negociador palestino Mohamad Shtayeh.

Esta licitação mostra que Israel "não é sério nas negociações e que tem a intenção, com suas densas atividades de construção nas colônias, de destruir as bases de uma solução desejada pela comunidade internacional que busca estabelecer um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967", declarou Shtayyeh.

Este anúncio acontece quando o departamento de Estado norte-americano anunciou na quinta-feira que os negociadores palestinos e israelenses recomeçarão no dia 14 de agosto em Jerusalém as negociações de paz iniciadas no final de julho em Washington.

"Nenhum país no mundo aceita os ditames de outros países sobre os lugares onde pode construir ou não", declarou o ministro da Habitação, Uri Ariel.

"Continuaremos pondo apartamentos no mercado e construiremos por todas as partes no país", afirmou o membro do governo, surgido do partido trabalhista religioso Hogar judeu.

Em Jerusalém Oriental, as licitações são sobre casas em Har Homa e Gilo, no sul da cidade, e em Pisgat Zeev no norte. Na Cisjordânia, preocupam, em especial, as colônias de Ariel, Maaleh Adoumim (leste de Jerusalém), Efrata (próximo de Belém) e Beitar, indicaram as autoridades israelenses.

O negociador palestino pediu aos Estados Unidos assumir posição "clara e firme" para pôr um freio a esses "ataques israelenses na Cisjordânia, e particularmente em Jerusalém".

Ele descreveu a licitação como um fato de que Israel aplica para "determinar as negociações na direção que convém".

O assunto das colônias, que fez as negociações anteriores fracassarem em 2010, é crucial para o desenvolvimento das negociações.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou proclamar o congelamento da colonização como os palestinos reivindicam antes do começo das negociações.

Em Ramallah, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abas, encontrou neste domingo o mediador norte-americano Martin Indyk, segundo a agência palestina Wafa.

Indyk reiterou a Abas o apoio de seu homólogo norte-americano nessas negociações que devem levar a um acordo de paz daqui a nove meses, segundo o objetivo fixado pelo secretário de Estado norte-americano John Kerry.

Netanyahu enviou uma carta a Kerry para se queixar das "provocações" de Abas, informou um de seus colaboradores à AFP.

O primeiro-ministro se referia a declarações realizadas por Abas e publicadas em jornais egípcios em julho, onde indicava que os "palestinos não querem ver nenhum israelense - civil ou soldado - em suas terras neste acordo final".

"As provocações e a paz não podem coexistir", afirmou Netanyahu em sua carta.

Lior Amihai, da ONG israelense anti-colonização La Paz Ahora, considerou que se as negociações fracassassem por causa das construções nas colônias, o Estado hebraico poderia se encontrar em uma posição mais desfavorável que antes da retomada das discussões diretas.

"Devemos apoiar e animar as negociações", acrescentou. "É verdadeiramente uma lástima que o governo escolha por obstáculos no caminho".

Simultaneamente, o governo israelense autorizou neste domingo a libertação de 26 presos palestinos detidos há tempos, segundo um comunicado oficial.

"Depois da decisão do governo de iniciar as negociações de paz com os palestinos e de nomear uma comissão ministerial com vistas a libertar presos durante as negociações (...), a comissão deu sua autorização para a libertação de 26 presos", informou o gabinete do premier, Benjamin Netanyahu, no comunicado.

O documento destaca que os nomes dos presos serão publicados na manhã de segunda-feira no site da internet das prisões israelenses "depois que os familiares dos mortos tiverem sido informados".

Segundo a imprensa israelense, a maioria dos 104 palestinos e árabes-israelenses detidos antes dos acordos de paz de Oslo de 1993 e que serão libertados em grupos de quatro em função dos avanços das negociações de paz, estiveram envolvidos em ataques que levaram à morte de israelenses.

Os familiares destas pessoas anteciparam sua intenção de apelar à Alta Corte de Justiça contra as libertações.

As autoridades israelenses advertiram que "se algum dos presos libertados retomar as atividades hostis contra Israel, voltarão à prisão para cumprir suas penas".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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