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Oriente Médio

Israel libertará presos palestinos como sinal de boa vontade antes de negociações

20 jul 2013 - 13h10
(atualizado às 13h10)
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Israel anunciou neste sábado que irá libertar alguns prisioneiros palestinos como um "gesto" de boa vontade, depois de ambas as partes concordarem em se reunir para preparar as primeiras negociações de paz diretas em três anos.

Contudo, Israel não se comprometerá com "questões diplomáticas", indicou o ministro israelense das Relações Exteriores, Youval Steinitz, que informou que nenhum acordo foi firmado sobre o congelamento da construção de novos assentamentos em território palestino ou em referência às linhas de demarcação de 1967, principais reivindicações palestinas.

O anúncio foi feito poucas horas depois de o secretário de Estado americano, John Kerry, anunciar na sexta-feira em Amã que israelenses e palestinos chegaram a um acordo de princípio para retomar as negociações de paz "dentro de uma semana mais ou menos" em Washington.

O chefe da diplomacia americana indicou que, como primeira etapa, o negociador palestino, Saeb Erakat, e sua homóloga israelense, Tzipi Livni, se reunirão em Washington "para iniciar as primeiras reuniões dentro de uma semana, mais ou menos".

Os dirigentes palestinos se comprometeram, por sua vez, a "negociar seriamente" durante pelo menos nove meses, período em que não tentarão nenhuma adesão à organizações internacionais, afirmou Steinitz.

"Haverá um número limitado de prisioneiros palestinos libertados", sem especificar quantos, mas ressaltando que alguns deles passaram até 30 anos em prisões israelenses, declarou à rádio pública israelense.

Steinitz não informou quando esta libertação ocorrerá, mas disse que se fará "por etapas".

Uma autoridade israelense indicou que "as libertações poderiam ter início ao mesmo tempo que as negociações, após os palestinos provarem sua seriedade".

A última rodada de negociações foi interrompida totalmente em setembro de 2010, quando Israel se negou a manter o congelamento da construção de novos assentamentos nos territórios palestinos.

A expansão dos assentamentos continua a ser um dos maiores obstáculos para as duas partes em conflito.

Segundo o grupo de defesa dos Direitos Humanos B'Tselem, 4.713 palestinos estão detidos em Israel, 169 deles em detenção administrativa, um procedimento para manter os presos, sem acusação, por períodos renováveis de seis meses por tempo indeterminado.

O anúncio de Kerry foi feito após quatro dias de intensos esforços diplomáticos por parte do secretário de Estado americano, que manteve contatos com líderes israelenses e palestinos a partir da capital jordaniana. Como parte de seus esforços, ele chegou a fazer uma viagem de última hora a Ramallah, na Cisjordânia.

"Tenho o prazer de anunciar que chegamos a um acordo que estabelece uma base para a retomada das negociações de paz entre palestinos e israelenses", declarou Kerry aos jornalistas em Amã.

"Este é um passo adiante importante e bem-vindo. O acordo ainda está em processo de finalização. Com isso, não falaremos sobre nenhum dos elementos por enquanto", acrescentou.

Desde que se tornou secretário de Estado, em fevereiro, Kerry viajou seis vezes para a região.

Um representante do Departamento de Estado disse que "chegaram a um acordo sobre os elementos de base que permitirão o início de negociações diretas".

Israelenses e palestinos têm posições muito diferentes no que diz respeito às questões do status final dos territórios, incluindo as fronteiras de um futuro Estado palestino, o direito de retorno dos refugiados palestinos e o destino de Jerusalém, que ambos desejam como capital.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu aos líderes israelenses e palestinos "coragem e responsabilidade", enquanto o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, elogiou a iniciativa.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, comemorou o acordo, mas ressaltou que "ainda existem detalhes específicos a serem resolvidos".

Ele exige o congelamento imediado da construção de assentamentos judaicos e a libertação de prisioneiros.

Como esperado, o movimento radical islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, rejeitou o anúncio.

"O Hamas rejeita o anúncio de Kerry sobre a retomada das negociações", declarou à AFP o porta-voz do movimento, Sami Abu Zuhri, reafirmando que "Abbas não tem legitimidade alguma para negociar em nome do povo palestino sobre questões fundamentais".

Outros movimentos palestinos também expressaram cautela.

"Retomar negociações fora do quadro das Nações Unidas será um suicídio político", alertou a Frente de Libertação da Palestina (FLP).

"A experiência de vinte anos de negociações é suficiente para provar que é um erro assinar acordos antes do congelamento da colonização. O número de colonos nos territórios ocupados passou de 150 mil a 600 mil desde os acordos de Oslo", ressaltou o movimento do deputado independente Mustafá Barghuthi.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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