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Oriente Médio

Israel liberta 26 presos palestinos, mas acelera a colonização

13 ago 2013 - 20h37
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Israel libertou 26 presos palestinos nesta quarta-feira, ao mesmo tempo em que intensifica a colonização nos territórios ocupados.

Os palestinos libertados chegaram na madrugada desta quarta à Cisjordânia e à Faixa de Gaza.

Um primeiro grupo, de 11 detentos, saiu da prisão israelense de Ofer, junto à passagem fronteiriça de Beitunia, para chegar à Cisjordânia em um comboio de quatro veículos da Autoridade Palestina, escoltado pela polícia.

Centenas de pessoas reunidas na passagem de Beitunia comemoraram a chegada do grupo no território palestino.

"É o dia mais importante de nossas vidas. Estamos muito felizes", disse Mahmud Salah, 52 anos, que esperava em Beitunia para ver seu irmão Moqdad, que passou 21 anos em uma prisão de Israel, onde cumpria perpétua.

"Mesmo após o anúncio dos nomes, realmente não acreditávamos que voltaríamos a vê-los novamente", disse Salah.

Um segundo grupo, de 15 presos, chegou a Gaza pela passagem fronteiriça de Erez, onde foi recebido por mais de 2 mil pessoas.

Os 26 são os primeiros de um total de 104 detentos que serão libertados como parte do acordo promovido pelos Estados Unidos para que Israel e os palestinos voltem à mesa de negociações.

Essas libertações ocorrem após a rejeição por parte do Supremo Tribunal de Israel de uma apelação contra a soltura dos 26 detentos. A apelação foi apresentada pela Almagor, uma associação de vítimas israelenses.

No total, 104 presos condenados devem ser soltos durante os nove meses previstos de negociações de paz entre israelenses e palestinos.

Mas o início das libertações é acompanhado pelo anúncio feito por Israel de um aumento da colonização com a autorização para que sejam construídas 942 residências em Jerusalém Oriental anexada, provocando revolta entre os palestinos.

A Prefeitura de Jerusalém confirmou que o projeto de construção no bairro de Gilo, em Jerusalém Oriental, havia completado uma nova etapa com "a autorização do Ministério do Interior". Ela ressaltou que se trata do prosseguimento "de um projeto de desenvolvimento anunciado há dois anos".

"É uma decisão terrível que revela uma provocação aos palestinos, aos americanos e a todos que se opõem à continuidade da colonização", afirmou à AFP Yossef Pepe Alalu, prefeito adjunto de Jerusalém e conselheiro municipal em nome da oposição de esquerda.

"A colonização ameaça provocar o fim das negociações antes mesmo que elas comecem", disse à AFP Yasser Abed Rabbo, um alto funcionário da Organização pela Libertação da Palestina (OLP).

Segundo um diretor da "Paz Agora", uma ONG israelense que se opõe à colonização, a decisão da Prefeitura inclui também a possibilidade de construir outras 300 residências em uma fase posterior em Gilo.

No domingo, o governo israelense autorizou a construção de 1.187 alojamentos na Cisjordânia e em vários bairros de colonização de Jerusalém Oriental, que os palestinos querem como capital de seu futuro Estado.

O secretário de Estado americano, John Kerry, que realizou diversas missões na região antes de obter o sinal verde das partes para a retomada das negociações, novamente considerou "ilegítimas" as colônias.

Mas ele afirmou que Abbas está "comprometido a manter as negociações porque acredita que a negociação é o que permitirá resolver este problema".

Nenhum detalhe foi apresentado sobre o horário em que as negociações terão início, nem sobre o local exato em Jerusalém.

Segundo a imprensa israelense, o anúncio de construções nas colônias foi decidido para acalmar a ala dura da coalizão liderada por Benjamin Netanyahu.

O "Lar Judaico", um partido nacionalista membro da maioria e hostil à criação de um Estado palestino, assim como deputados e ministros "falcões" do Likud, partido do próprio Netanyahu, fazem pressão pela continuidade da colonização com o objetivo de impossibilitar qualquer retirada da Cisjordânia ou qualquer concessão em Jerusalém Oriental.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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