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Oriente Médio

Israel confirma ataque na Síria; Assad denuncia tentativa de desestabilização

3 fev 2013 - 13h10
(atualizado às 13h51)
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Um ministro israelense confirmou implicitamente neste domingo que aviões do país atacaram esta semana uma área próxima de Damasco, enquanto o presidente da Síria acusou o governo do Estado hebreu de tentar desestabilizar o país, abalado por uma guerra civil.

Ao mesmo tempo, o ministro das Relações Exteriores do Irã elogiou o anúncio do líder opositor sírio Ahmed Moaz al-Khatib sobre sua disposição para negociar, sob determinadas condições, com representantes do governo de Bashar al-Assad.

Quatro dias depois do governo de Damasco ter denunciado um ataque aéreo a um complexo militar, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, mencionou o tema durante uma conferência sobre segurança em Munique, Alemanha, e, implicitamente, revelou o papel do governo israelense no episódio.

Ao discursar na conferência, Barak disse à imprensa que o "isto que aconteceu há alguns dias (...) mostra que quando afirmamos uma coisa, nós a mantemos".

"Já havíamos afirmado que não acreditamos que se deva permitir que sistemas sofisticados de armas sejam transferidos ao Líbano, para o Hezbollah, a partir da Síria, quando Assad cair", disse Barak.

O ataque de quarta-feira teve como alvo uma plataforma de lançamento de mísseis terra-ar e um complexo militar que supostamente armazena agentes químicos, de acordo com uma fonte militar americana que pediu anonimato.

O governo sírio ameaçou com represálias, aumentando ainda mais os temores de uma extensão regional do conflito interno na Síria, que segundo a ONU já matou mais de 60.000 pessoas.

Apenas dois dias depois do ataque, o secretário americano da Defesa, Leon Panetta, disse à AFP em Washington que existe uma crescente preocupação sobre a possibilidade do caos na Síria permitir ao poderoso grupo libanês Hezbollah obter armamento sofisticado a partir de Damasco.

Depois do ataque, autoridades israelenses aumentaram o tom na retórica sobre o arsenal sírio, em especial os agentes químicos, alertando sobre as graves consequências no caso destas armas terminarem nas mãos do Hezbollah, grupo aliado ao Irã.

Israel e o Hezbollah protagonizaram confrontos devastadores em 2006.

Quase simultaneamente, em Damasco, Assad acusou Israel de tentar "desestabilizar" a Síria, de acordo com a agência estatal SANA.

A agressão "mostra o verdadeiro papel desempenhado por Israel, em colaboração com as forças estrangeiras inimigas e seus agentes em território sírio, para desestabilizar e debilitar a Síria", disse Assad em um encontro com Said Jalili, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã.

Ao mesmo tempo, o Irã - um sólido aliado tanto do Hezbollah como de Damasco - elogiou neste domingo a disposição de Khatib de aceitar um diálogo com representantes do governo sírio.

"É um bom passo adiante", afirmou o chanceler iraniano Ali Akbar Salehi, que revelou que teve uma "reunião muito boa" com Khatib à margem da Conferência de Segurança que acontece em Munique.

Depois dos encontros de Khatib em Munique com representantes do Irã e da Rússia, surgiram especulações sobre uma eventual mudança na posição russa, mas o jornal estatal sírio Ath Thawra negou a possibilidade.

Também em Munique, o ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, afirmou que um diálogo entre o governo da Síria e a oposição não permitirá encontrar uma solução para o conflito armado no país.

No campo de batalha, a violência prossegue na Síria, com um ataque do regime em Aleppo (norte) que deixou 15 civis mortos, entre eles cinco crianças, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Pelo menos 15 pessoas, incluindo uma mulher e cinco crianças, foram mortas no ataque do Exército sírio contra um prédio da segunda maior cidade do país, indicou o OSDH.

"Identificamos 11 pessoas, incluindo uma mulher e cinco crianças, e conseguimos confirmar que outras quatro pessoas foram mortas neste ataque", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, presidente da ONG

Rahman afirmou que o registro pode ser revisado para cima porque "ainda havia moradores entre os escombros".

Vídeos de militantes mostraram uma multidão reunida diante uma montanha de escombros, com algumas pessoas tentando retirar partes de construções à procura de sobreviventes.

Neste domingo, pelo menos 31 pessoas morreram em todo o país, incluindo as vítimas de Aleppo, de acordo com um registro provisório do OSDH.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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