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Oriente Médio

Irã ordenou morte de João Paulo II, diz autor de atentado

1 fev 2013 - 14h28
(atualizado às 14h43)
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O autor do atentado em 1981 contra o papa João Paulo II, o turco Mehmet Ali Agca, afirmou que o líder espiritual da revolução iraniana, o Aiatolá Khomeini, foi a pessoa que ordenou matar o pontífice, em um livro lançado nesta sexta-feira na Itália que provocou polêmica.

Neste livro, escrito em primeira pessoa e com o título: "Me prometeram o paraíso. Minha vida e a verdade sobre o atentado contra o Papa", Agca, que forneceu numerosas e extravagantes versões sobre os autores intelectuais do atentado, sustenta que foi doutrinado no Irã pelo Aiatolá Khomeini, a quem conheceu depois de ter escapado de uma prisão turca pelo assassinato de um jornalista.

"Querido Ali, é a vontade de Alá. Não tenha dúvidas. Você deve matar o Papa em nome de Alá. Deve matar o porta-voz do diabo na Terra, o vigário de Satanás no mundo", disse Khomeini durante uma conversa à noite, segundo Agca.

O líder da Revolução Iraniana de 1979 teria treinado assim o turco Agca, militante do grupo de extrema-direita Lobos Cinzentos e autor de diversos atos de violência na década de 1970.

"Mate por ele, mate o Anticristo, mate sem piedade João Paulo II, e depois tire sua vida para que a tentação da traição não ofusque seu gesto", afirmou Khomeini a Agca, que cumpriu quase 30 anos de prisão em cadeias italianas e turcas pela tentativa de assassinato do Papa e por outros crimes cometidos na Turquia.

"Este derramamento de sangue será o prelúdio da vitória do Islã em todo o mundo. Seu martírio será recompensado com o paraíso, com a glória eterna no reino de Alá", afirma o extremista turco, que na época tinha 23 anos.

No livro, publicado pela editora Chiarelettere, Agca descreve com detalhes o histórico encontro que teve com João Paulo II, que não apenas perdoou publicamente seu agressor, mas que foi visitá-lo em sua cela na prisão romana de Rebibbia em 1983.

"Quem mandou você me matar?", perguntou o Papa polonês durante seu encontro, depois de prometer a ele que não revelaria a ninguém sua confissão.

"Assim como perdoei você, perdoo a eles", foi a resposta de Karol Woktyla após a revelação de Agca de que foram os iranianos, e não os comunistas, os que o recrutaram para matar o Papa.

Esta versão foi desmentida categoricamente pelo porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.

"Não é verdade que Agca tenha falado com o Papa do Aiatolá Khomeini e do Irã como autor intelectual do atentado durante a conversa na prisão, nem de uma pista islâmica", disse Lombardi.

"Tampouco é verdade que tenha convidado Agca a se converter ao cristianismo e que tenha lhe escrito uma carta", disse o religioso.

As "novas falsidades" de Agca, disse Lombardi, somam-se às "mais de cem versões" que o autor do atentado deu sobre os motivos que o levaram a disparar contra João Paulo II em plena Praça de São Pedro.

Pouco depois de ter sido preso, Agca disse que agiu sozinho, e mais tarde sugeriu a "pista búlgara", na qual o regime comunista soviético estaria envolvido.

No livro, Agca conta toda a sua vida desde a infância, e afirma que "viveu por anos no erro 'nazisfacista-islâmico'", mas alega que está arrependido.

"Atualmente sei que Jesus é a melhor pessoa que andou pelos caminhos deste mundo", escreveu.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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