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Oriente Médio

Irã diz que Israel está 'com raiva' por aproximação diplomática

2 out 2013 - 16h58
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O presidente iraniano, Hassan Rohani, declarou nesta quarta-feira que Israel está "contrariado e com raiva" após a aproximação diplomática de Teerã com o Ocidente.

Israel está "definitivamente contrariado e com raiva porque vê que a lógica tem prevalecido sobre a sua espada afiada e porque a mensagem de paz do Irã tem ecoado pelo mundo", afirmou Rohani após uma reunião ministerial, segundo a televisão estatal iraniana.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia dito no dia anterior, na Assembleia Geral das Nações Unidas, que Israel se preparava para agir sozinho para impedir Teerã de adquirir armas nucleares.

"Israel não vai permitir que o Irã obtenha armas nucleares. Se Israel for obrigado a agir sozinho, ele vai agir sozinho", insistiu Netanyahu, que criticou fortemente os sinais de abertura diplomática apresentados pelo novo presidente iraniano.

"Não esperávamos nada diferente do regime sionista", acrescentou Rohani.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, o general Hassan Firouzabadi, disse que as ameaças israelenses são um gesto de desespero.

"Tais palavras nascem do desespero", declarou, chamando Netanyahu de "belicista", em declarações divulgadas pela agência de notícias Fars.

"Hoje, a opção militar é uma escolha enferrujada e ultrapassada, colocada sobre uma mesa bamba", afirmou Firouzabadi.

Na semana passada, Rohani prometeu se envolver em um diálogo construtivo com a comunidade internacional e ser mais transparente sobre as atividades nucleares de seu país.

Os chefes da diplomacia americana e iraniana, John Kerry e Mohammad Javad Zarif, se reuniram quinta-feira passada em Nova York, enquanto Barack Obama e Hassan Rohani conversaram por telefone, um primeiro contato direto entre os líderes de Estados Unidos e Irã em mais de trinta anos.

Os Estados Unidos e seus aliados, inclusive Israel, suspeitam que o Irã esteja tentando possuir armas atômicas sob o pretexto de um programa nuclear civil; algo que Teerã nega.

Um diplomata iraniano presente na Assembleia das Nações Unidas afirmou que o governo de seu país rejeita as alegações de que esteja tentando produzir uma bomba. Também criticou Netanyahu por seus comentários "extremamente inflamados" e fez uma advertência imediata sobre o "erro de cálculo" de lançar um ataque.

"O primeiro-ministro israelense faria melhor se nem mesmo pensasse em atacar o Irã", declarou o vice-embaixador do Irã na missão da ONU, Khodadad Seifi, na Assembleia Geral.

Netanyahu deve "seriamente evitar um erro de cálculo" no confronto, acrescentou.

Firouzabadi, uma personalidade militar intransigente, parece apoiar a iniciativa diplomática de Rohani, que também foi bem recebida pelo Ocidente.

"O Irã islâmico sairá vencedor, por sua posição revolucionária de flexibilidade heroica", disse o general, referindo-se a uma declaração do guia supremo iraniano, Ali Khamenei, em que considerou que a "flexibilidade às vezes é útil e necessária".

Ali Khamenei é a mais alta autoridade da República Islâmica, e tem a palavra final em todas as decisões importantes, incluindo a diplomacia e o programa nuclear.

O general Firouzabadi também afirmou que Netanyahyu tinha, com suas observações, "reforçado a ameaça contra os sionistas".

"Netanyahu tem gravado seu nome na mesa das Nações Unidas sob o signo da beligerância", acrescentou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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