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Oriente Médio

Irã avança em programa nuclear mesmo sob suspeita de intenção militar

22 mai 2013 - 16h58
(atualizado às 17h08)
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O Irã segue dando passos adiante em praticamente todas as frentes de seu programa nuclear apesar das sanções da comunidade internacional e sem que sejam respondidas as dúvidas sobre uma possível intenção militar de seus experimentos.

Em seu novo relatório sobre o caso iraniano, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) advertiu nesta quarta-feira que dispõe de informação "crível", embora não confirmada, sobre experimentos relacionados com uma arma atômica, e reconheceu que a falta de colaboração de Teerã impede a resolução dessas suspeitas.

O relatório confidencial, ao qual a Agência Efe teve acesso em Viena, justifica os temores desta agência da ONU sobre "a natureza e o alcance da informação crível à sua disposição sobre possíveis dimensões militares do programa atômico iraniano".

O documento assinala que vários países da AIEA facilitaram informação sobre a existência na base militar de Parchin, perto de Teerã, de um "recipiente de contenção de explosões para realizar experimentos hidrodinâmicos", o que constitui "um forte indicador" do possível desenvolvimento de uma arma nuclear.

Fontes conhecedoras do caso iraniano asseguraram à Efe que é "muito importante que respondam às perguntas" sobre que tipo de uso foi dado a essa instalação.

Por isso, a AIEA insiste na necessidade de que o Irã permita que inspetores visitem Parchin, uma solicitação que vem sendo sistematicamente rejeitada desde fevereiro de 2012, sob o argumento que é uma base militar e, portanto, não submetida aos controles do organismo internacional.

Um pedido que se tornou mais importante perante a constatação de que o Irã está realizando trabalhos de limpeza na área que dificultarão aos inspetores saber que experimentos recebeu, caso algum dia tenham acesso a essa instalação.

Essas tarefas fazem com que, segundo essa fonte, os inspetores da AIEA "estejam mais preocupados".

"Não estão ajudando a eles mesmos a esclarecer as coisas", lamentou um analista que ocupa um alto cargo diplomático em Viena.

O relatório assinala também que o país mantém o ritmo de produção de urânio, do qual acumulam já quase nove toneladas, com uma pureza de 5%, necessária para a fabricação de combustível convencional.

Além disso, acumula 324 quilos de urânio enriquecido a 20%, dos quais 141 quilos - quase 30 quilos a mais que há três meses - foram reconvertidos em combustível nuclear para o reator científico de Teerã, o que descarta um possível uso militar.

Uma vez enriquecido até 20%, este material se encontra bastante perto do patamar de 90%, a partir do qual serve para a construção de uma arma atômica.

A AIEA também se refere aos progressos na usina de água pesada de Arak, para a qual já se transportou o contêiner do reator, embora ainda não tenha sido instalado.

O organismo alerta que o Irã não apresenta desde 2006 informação atualizada sobre esta usina, que deve estar operacional no terceiro trimestre de 2014.

Os temores sobre esta instalação se referem a sua capacidade de produzir plutônio que, da mesma forma que o urânio enriquecido, pode ser usado para alimentar uma arma nuclear.

Por outra parte, a AIEA assegura que o Irã informou sobre o desligamento da usina nuclear de Bushehr, construída e abastecida com combustível nuclear pela Rússia.

O relatório chega logo após o fracasso na semana passada de duas novas tentativas, por parte da AIEA e das grandes potências, de desbloquear a disputa sobre o programa atômico iraniano.

As duas grandes questões, concordar uma agenda de inspeções que permitam esclarecer os "assuntos pendentes" e a suspensão do enriquecimento de urânio, estão há meses submetidas a debate sem que tenham sido registrado avanços.

O relatório adverte que "desde 2002 foi crescendo a preocupação do organismo sobre a possível existência no Irã de atividades nucleares não declaradas que envolvem organizações com vínculos militares, incluídas atividades relacionadas com o desenvolvimento de uma carga nuclear para mísseis".

Estados Unidos, União Europeia e Israel temem que, sob a máscara de um programa nuclear civil, o Irã possa adquirir os conhecimentos para fabricar uma bomba atômica.

Teerã rejeita estas alegações e assegura que seu programa atômico só tem aplicações civis como a produção de energia e o uso médico.

EFE   
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