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Oriente Médio

Irã amplia enriquecimento de urânio, diz relatório da AIEA

31 mai 2010 - 17h00
(atualizado às 21h41)
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O Irã está preparando equipamentos adicionais para enriquecer urânio até níveis mais elevados, segundo um relatório confidencial da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ao qual a Reuters teve acesso, e que deve agravar a inquietação das potências ocidentais. O Irã começou em fevereiro a enriquecer urânio a 20%, para alimentar um reator de pesquisas médicas.

O Ocidente teme que esse seja um avanço no sentido de purificar urânio até os cerca de 90% necessários para o uso em armas nucleares, intenção que Teerã nega possuir. No começo de maio, o Irã aceitou, sob mediação do Brasil e da Turquia, entregar 1,2 mil kg de urânio baixamente enriquecido para em troca receber combustível para o reator de pesquisas médicas. Teerã informou na ocasião, no entanto, que não pretendia abrir mão de enriquecer urânio por conta própria.

Apesar da insistência do Irã no caráter pacífico das suas atividades, as grandes potências mundiais já decidiram adotar uma nova rodada de sanções da ONU contra o programa nuclear do país. O relatório de nove páginas da AIEA diz que o Irã instalou um segundo conjunto de 164 centrífugas (máquinas de enriquecimento) para contribuir com o enriquecimento a 20%, mas que elas ainda entraram em operação. O relatório anterior, de fevereiro, citava apenas um conjunto de centrífugas.

O Irã disse à agência que as máquinas adicionais vão dar apoio à operação de enriquecimento, permitindo que o material seja retroalimentado pelas máquinas. Analistas dizem, no entanto, que o sistema poderia ser configurado para ampliar a produção de combustível nuclear, o que causaria alarme no Ocidente. "O Irã continua a ampliar e aprofundar suas capacidades de enriquecimento", disse David Albright, diretor do Instituto para Ciências e a Segurança Internacional.

Teerã acedeu ao pedido da AIEA por uma melhor fiscalização do enriquecimento, mas a agência queixou-se de que isso deveria ter começado logo no início do processo, para assegurar que não houvesse desvio de material para fins militares. O governo do Irã aceitou que os inspetores da AIEA melhorassem os ângulos das câmeras, colocassem lacres da agência em materiais e equipamentos e realizassem inspeções com pouco aviso prévio.

O acordo de intercâmbio de material nuclear assinado com Brasil e Turquia reflete os termos de uma proposta feita em outubro pela AIEA, que envolveria todo o estoque de urânio do Irã. Mas desde então, segundo o relatório, o estoque iraniano chegou a 2,4 t, o dobro do que seria enviado à Turquia. "Com base neste relatório, Washington terá justificativa em minimizar o acordo Brasil-Turquia-Irã, para focar em sanções no lugar disso", afirmou Albright.

Reação dos EUA

O último relatório da agência de inspeção nuclear da ONU reafirma a negativa do Irã em cumprir com requerimentos internacionais necessários para permitir conversas construtivas em seu programa nuclear, disse a Casa Branca. "Este último relatório da AIEA claramente mostra o contínuo fracasso do Irã em cumprir com suas obrigações internacionais e sua sustentada falta de cooperação com a AIEA", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Hammer.

Os Estados Unidos lideram os esforços para uma nova rodada de sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas ao Irã por seu programa nuclear. "Em resumo, o último relatório da AIEA ressalta que o Irã tem recusado a tomar quaisquer das ações exigidas pelo Conselho de Segurança da ONU ou a AIEA, que são necessários para permitir negociações construtivas no futuro de seu programa nuclear", disse Hammer.

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