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Oriente Médio

Inspetores da ONU afirmam que há claras evidências de uso de gás sarin na Síria

16 set 2013 - 12h52
(atualizado às 13h36)
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Armas químicas proibidas foram utilizadas em larga escala na guerra da Síria e há claras evidências de que gás sarin matou centenas de pessoas em um ataque próximo a Damasco no mês passado, informaram os inspetores da ONU nesta segunda-feira.

Armas químicas foram utilizadas no conflito, que já dura 30 meses, em uma escala relativamente grande, afirma o relatório que será divulgado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Especialistas da ONU, que viajaram à Síria no mês passado, não estão autorizados a dizer quem realizou o ataque. Mas eles afirmaram que há evidências claras e convincentes de que gás sarin matou centenas de pessoas em um ataque em Ghoutta, perto de Damasco, no dia 21 de agosto.

O ataque desencadeou ameaças dos Estados Unidos e de outros países ocidentais de uma ofensiva militar contra as forças do presidente Bashar al-Assad. Os Estados Unidos afirmam que mais de 1.400 pessoas morreram neste incidente.

Embora esta ameaça militar tenha sido abrandada depois que a Rússia e os Estados Unidos entraram em acordo para colocar as armas químicas sírias sob controle internacional, o relatório da ONU influenciará quais medidas serão tomadas para fazer Assad cumprir o trato.

"Mísseis terra-terra contendo o agente neurológico sarin foram utilizados" no ataque de 21 de agosto, afirma o relatório.

Enquanto Assad acusa os rebeldes da oposição pelo ataque, os países ocidentais afirmam que apenas o governo tem acesso a armas como essas.

"As amostras ambientais, químicas e médicas que coletamos fornecem evidências claras e convincentes de que mísseis terra-terra contendo o agente neurológico sarin foram utilizados" em Ghoutta, afirma a primeira página do relatório dos inspetores, vazada inadvertidamente pelas Nações Unidas.

"Este resultado nos deixa com preocupações profundas", acrescenta.

Os especialistas afirmam que, baseados nas evidências encontradas, "a conclusão é que armas químicas foram utilizadas no conflito em curso entre as partes na República Árabe da Síria... contra civis, incluindo crianças, em uma escala relativamente grande".

Uma Comissão de Inquérito da ONU que investiga violações de direitos humanos na guerra síria, liderada pelo brasileiro Paulo Pinheiro, anunciou separadamente nesta segunda-feira que estava investigando 14 supostos ataques com armas químicas no país.

Os inspetores da ONU responsáveis por preparar este relatório foram a Damasco no dia 18 de agosto para investigar alegações de que armas químicas foram utilizadas em Khan al-Assal, perto de Aleppo, no dia 19 de março, e em outras duas cidades, que foram identificadas nesta segunda-feira como Sheik Maqmood e Saraqueb.

Os especialistas estavam em Damasco quando ocorreu o ataque à região da Ghoutta, no dia 21 de agosto. A equipe recebeu a ordem de se concentrar no ataque de Ghoutta e retornará mais tarde para investigar os outros locais.

Estas informações estavam na primeira página do documento e foram vazadas inadvertidamente depois da divulgação de uma foto na qual o líder da investigação da ONU, Ake Sellstrom, entrega o relatório a Ban Ki-moon.

Ban deve entregar o relatório completo ao Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira.

Enquanto o governo sírio, apoiado pela Rússia, nega qualquer utilização de armas químicas, Ban afirmou na sexta-feira que Assad realizou "muitos crimes contra a humanidade". No entanto, ele não acusou o presidente sírio de utilizar armas químicas.

O Conselho de Segurança da ONU deve iniciar negociações nesta semana sobre uma resolução para apoiar o plano acordado no fim de semana entre o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e o secretário americano de Estado, John Kerry, para destruir as armas químicas sírias.

Após um encontro de seus chanceleres em Paris nesta segunda-feira, França, Estados Unidos e Grã-Bretanha pediram uma resolução forte para colocar pressão sobre o regime de Assad, e Estados Unidos e França afirmaram que ainda é possível ocorrer uma ação militar na Síria.

A Rússia, no entanto, insistiu que não concordará com uma resolução da ONU que inclua uma ameaça de força contra o governo sírio. Rússia e China já vetaram três resoluções desde o início da revolta síria, em março de 2011, que buscavam aumentar a pressão sobre o regime de Assad.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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