Incidente diplomático adia negociação entre EUA e Taliban
Um novo esforço de pacificação do Afeganistão pareceu ameaçado nesta quinta-feira depois que um incidente diplomático envolvendo o novo escritório do Taliban no Catar adiou discussões preliminares entre os Estados Unidos e insurgentes islâmicos.
Uma reunião entre autoridades dos EUA e representantes do Taliban havia sido marcada para quinta-feira no Catar, mas os preparativos acabaram sendo afetados pela irritação do governo afegão com a grande repercussão da abertura do escritório do Taliban no país árabe.
Questionada sobre quando a discussão poderá ocorrer, a fonte em Doha disse: "Não há nada marcado de que eu esteja ciente", e confirmou que o encontro não acontecerá nesta quinta-feira.
A abertura de um escritório foi uma medida prática para permitir as negociações de paz, mas o protocolo de aspecto oficial que cercou o evento motivou protestos irritados em Cabul, onde autoridades disseram que o escritório poderia se transformar em um governo do Taliban no exílio. Uma forte movimentação diplomática se seguiu a isso para tentar afastar essa preocupação.
O secretário norte-americano de Estado, John Kerry, conversou com o presidente afegão, Hamid Karzai, na noite de terça-feira e novamente na manhã de quarta-feira, num esforço para resolver a polêmica, segundo autoridades dos EUA e Afeganistão.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, pareceu se alinhar a Karzai, observando que líderes da aliança em uma cúpula no ano passado em Chicago deixaram claro que o processo de paz no Afeganistão deveria ocorrer "com liderança afegã e com propriedade afegã".
"A reconciliação nunca é um processo fácil em qualquer parte do mundo", disse Rasmussen a jornalistas em Bruxelas.
Mas Rasmussen disse que o processo de paz poderá consolidar avanços na segurança do Afeganistão e contribuir para a segurança e a unidade em longo prazo. "Então espero que tais discussões comecem mais cedo do que tarde", afirmou.
Uma bandeira do Taliban que havia sido hasteada na terça-feira no Catar já havia sido arriada e deixada no chão nesta quinta-feira, mas parecia ainda estar presa ao mastro.
Uma placa que dizia "Escritório Político do Emirado Islâmico do Afeganistão" havia sido retirada da fachada do prédio, mas uma placa semelhante, afixada a uma parede interna, continuava lá na manhã desta quinta-feira, segundo uma testemunha.
(Reportagem adicional de Yara Bayoumy, em Dubai; de Miriam Arghandiwal, Jeff Mason e Roberta Rampton, em Berlim; de Adrian Croft, em Bruxelas; de Phil Stewart, em Washington; de Frank Jack Daniel, Mahreen Zahra-Malik e Matthew Green, em Islamabad)
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