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Oriente Médio

Houthis travam batalhas em Áden; primeiro lote de ajuda chega à cidade

8 abr 2015 - 19h11
(atualizado às 19h11)
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Forças houthis travaram batalhas nas ruas contra milícias locais no centro antigo de Áden nesta quarta-feira, ao mesmo tempo em que os primeiros carregamentos de auxílio médico chegaram à cidade portuária no sul do Iêmen, onde agentes humanitários dizem que está em curso uma catástrofe humana.

Moradores viram dezenas de corpos empilhados nas ruas e disseram que vários prédios foram queimados ou demolidos a tiros de foguete. Mesquitas emitiram um chamado por uma jihad contra os houthis, militantes xiitas que contam com o apoio do Irã e já assumiram o controle de largas faixas do Iêmen.

O ataque Houthi ao bairro central de Crater, com o apoio de tanques e veículos blindados, foi resistido parcialmente, disseram moradores, e houthis armados também foram afastados de alguns bairros no norte da cidade.

O Irã, que nega estar fornecendo armas aos houthis, condenou uma ofensiva liderada pela Arábia Saudita contra os Houthis. Teerã enviou dois navios de guerra ao Golfo de Áden nesta quarta-feira, alegando o objetivo de proteger carregamentos iranianos.

Áden tem sido alvo de uma ofensiva dos milicianos xiitas muçulmanos, que controlam a capital Sanaa, há três semanas. A campanha dos Houthi levaram a Arábia Saudita, rival de Teerã, e seus aliados a lançarem uma série de ataques aéreos contra os grupo.

O papel de liderança da Arábia Saudita na luta contra os Houthis fez do Iêmen o mais recente palco de um conflito regional entre potências sunitas e xiitas – um confronto que se repete na Síria, no Líbano e no Iraque.

Os enfrentamentos têm provocado um efeito devastador sobre algumas partes de Áden. Muitas pessoas foram mortas, água e eletricidade foram cortadas nos bairros centrais e os hospitais têm tido dificuldades para lidar com o grande número de feridos.

“Está quase catastrófico”, disse a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iêmen, Marie Claire Feghali.

“As lojas estão fechadas, então as pessoas não podem conseguir comida, não conseguem água. Ainda há corpos pela rua. Os hospitais estão extremamente exauridos.”

Um navio carregando 2,5 toneladas de medicamentos atracou em Áden nesta quarta-feira, disse a organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras, acrescentando se tratar do primeiro carregamento a alcançar a cidade desde a escalada do conflito.

A Cruz Vermelha também informou que uma equipe médica também chegou via mar a Áden, cidade com uma população de 1 milhão de pessoas.

Ao menos 643 pessoas foram mortas no conflito e mais de 2.200 ficaram feridas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dezenas de milhares de famílias foram obrigadas a deixar suas casas.

EMBATE REGIONAL

O Irã pediu pela interrupção imediata dos ataques aéreos realizados por uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e que inclui outros quatro países do Golfo Árabe. Teerã fez um apelo pelo diálogo.

Um porta-voz militar para a coalizão liderada pela Arábia Saudita disse que o Irã tinha o direito de enviar navios para águas internacionais, desde que não tenham intenções ofensivas.

Mas ele voltou a acusar os iranianos no Iêmen de apoiarem, treinarem e equiparem milicianos Houthi, acrescentando que qualquer iraniano ainda em território iemenita “agora encontra-se na mesma trincheira que as milícias Houthi, e vão enfrentar o mesmo destino.”

Os Estados Unidos, um dos principais aliados dos sauditas, disseram na terça que estavam acelerando o fornecimento de armamentos para a ofensiva contra os houthis, e que havia intensificado o compartilhamento de inteligência e os esforços de coordenação.

(Reportagem adicional de Mohammed Ghobari, no Cairo; de Stephanie Nebehay, em Genebra; de Sam Wilkin, em Dubai; de Fatma Al Arimi, em Mascate; e de Sami Aboudi, em Abu Dhabi)

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