Hezbollah envia reforços para batalha por controle de cidade síria
O Hezbollah libanês enviou mais tropas de elite à cidade estratégica síria de Qousseir, em uma intervenção militar direta do movimento xiita que tem provocado preocupação nos Estados Unidos e leva a União Europeia a estudar a inclusão de seu braço armado na lista de organizações terroristas.
Esta nova escalada no conflito ocorre na véspera de uma reunião em Amã, na Jordânia, do grupo dos Amigos da Síria - que reúne os países que apoiam a oposição ao regime de Bachar al-Assad- para preparar a conferência internacional pela paz que terá o nome de "Genebra 2", em iniciativa da Rússia e dos Estados Unidos.
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Segundo uma fonte dos serviços de segurança sírios, violentos confrontos estão sendo travados no norte de Qousseir, onde está concentrada a maior parte dos insurgentes.
"Pelo menos 31 combatentes do Hezbollah morreram desde domingo, assim como 68 rebeldes", afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Apenas "nove soldados e três milicianos pró-regime morreram, o que prova nitidamente que o Hezbollah liderou o ataque", comentou Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH, que também confirmou a morte de oito civis.
"O Hezbollah enviou novas tropas de elite (em Qousseir) e fez vários prisoneiros, inclusive estrangeiros", explicou à AFP uma fonte ligada ao movimento xiita que preferiu manter o anonimato.
Um representante do Departamento de Estado americano em Mascate revelou que iranianos combatem junto com o Hezbollah em Qousseir, sem dar detalhes sobre o número nem o papel que desempenham no movimento.
A televisão do Hezbollah exibiu imagens de centenas de pessoas nos funerais de cinco membros do movimento xiita "que cumpriram com o dever da jihad (guerra santa)". A emissora não informou o local das mortes.
De acordo com Abdel Rahman, os rebeldes morreram em sua maioria nos bombardeios, enquanto uma fonte ligada ao movimento xiita revelou à AFP que a maioria das baixas foi provocada por bombas camufladas deixadas pelos rebeldes para conter o avanço do Hezbollah.
Esta fonte afirmou que novas tropas foram enviadas para combater em Qousseir.
Frente a esta situação, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou um apelo pela proteção dos milhares de civis, muitos deles crianças, nesta cidade.
"A situação é desesperadora", declarou o porta-voz do Unicef Marixie Mercado em uma coletiva de imprensa.
Segundo o OSDH, os rebeldes apresentam uma "uma resistência intensa para não abandonar os 25.000 civis, presos na cidade, mas o Hezbollah e o Exército mantêm com a ofensiva".
Qousseir é uma localidade estratégica tanto para o regime como para os rebeldes, pois a cidade é considerada uma rota de passagem de armas e de rebeldes entre Líbano e Síria.
Para Waddah Charara, sociólogo na Universidade Libanesa, o movimento xiita está envolvido na "batalha porque esta cidade é a porta pela qual passam homens e armas para o norte do Líbano, e do Líbano para a Síria".
"Trípoli é um reduto da oposição sunita no Líbano e, ao fechar esta porta, enfraquece seus principais adversários libaneses", explicou.
Um civil foi morto em Trípoli em combates entre os bairros sunitas e alauita, enquanto novos morteiros disparados a partir da Síria caíram na localidade libanesa de Munayssa, na região de maioria sunita de Wadi Jaled, e deixaram nove feridos, segundo as autoridades locais.
Neste contexto, a União Europeia pretende incluir o braço armado do Hezbollah na lista de organizações terroristas a pedido da Grã-Bretanha, segundo diplomatas.
"Esperamos alcançar um acordo para incluir o braço armado do Hezbollah na lista de organizações terroristas antes do fim de junho", disse um diplomata que pediu para não ser identificado.
O presidente americano, Barack Obama, manifestou preocupação em relação à presença do Hezbollah na Síria durante uma conversa por telefone na segunda-feira com o presidente libanês, Michel Sleimane.
A Casa Branca denunciou "a intervenção direta do Hezbollah em Qousseir" e lamentou o fato de a presença do movimento xiita na Síria "aumentar as tensões religiosas na região".
Segundo Bassam Abu Abdullah, diretor do Centro de Estudos Estratégicos de Damasco, a operação militar de Qousseir está diretamente ligada à perspectiva da conferência internacional "Genebra 2".
"O objetivo é convencer os rebeldes e a oposição de que a opção militar não poderá ser bem-sucedida", explicou este analista sírio próximo do poder.
Para preparar a conferência de Genebra, os Amigos da Síria se reúnem nesta quarta-feira em Amã, na presença de 11 chefes de Estado, entre eles o secretário de estado americano John Kerry.
Representantes da oposição síria decidirão nesta quinta-feira em Istambul se participarão da Conferência.
Eles pediram garantias sobre a saída de Bashar al-Assad do poder mesmo em caso de um eventual acordo de paz.
Enquanto isso, no sul da Síria, o Exército israelense respondeu a disparos efetuados na noite de segunda para terça-feira por parte do Exército sírio que atingiram um veículo militar de Israel nas Colinas de Golã.
"Não permitiremos que as Colinas de Golã se tornem a zona de conforto de Assad. Se causar distúrbios nas Colinas de Golã, deverá assumir as consequências", afirmou o general israelense Benny Gantz, chefe do Estado-Maior.
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