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Oriente Médio

Guerra síria se internacionaliza ainda mais em 2015 após intervenção russa

16 dez 2015 - 21h11
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O conflito na Síria tornou-se mais internacional este ano, com a decisão da Rússia de intervir para apoiar as forças do regime de Bashar al Assad que combatem grupos armados apoiados por diferentes países.

Atualmente, cortam os céus sírios aviões das forças armadas nacional, russa e de vários países, entre eles Estados Unidos e França, que integram uma coalizão contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

O último país a se somar aos bombardeios foi a Rússia, que decidiu intervir no final de setembro quando o cerco da oposição começou a se fechar em torno de Damasco e a pôr em risco o reduto litorâneo governamental de Latakia devido aos recentes avanços da Frente al Nusra, filial síria da Al Qaeda, e de seus aliados em regiões vizinhas.

E foi exatamente nessa região que aviões da Rússia protagonizaram em novembro um dos mais graves incidentes das últimas décadas com um Estado membro da Otan, a Turquia, quando um caça-bombardeiro russo foi derrubado pela força aérea turca e caiu sobre o território sírio.

Ainda é preciso ver se a intervenção da Rússia na disputa síria representará uma mudança no equilíbrio de forças e se terá alguma implicação no processo político para encontrar uma solução pacífica ao conflito.

Por enquanto, os principais atores internacionais envolvidos na guerra síria, incluído o Irã - aliado do governo de Damasco - concordaram recentemente em Viena em estabelecer um roteiro para encontrar uma saída ao conflito, e agora há esforços para que o regime e a oposição sentem-se para negociar.

Enquanto isso, no terreno, a Síria é palco de uma espiral de violência, que já deixou mais de 250 mil mortos, e que parece bastante difícil de deter por sua complexidade, já que não são só combatentes sírios que se enfrentam.

Junto com o exército há milicianos iranianos, afegãos, libaneses e xiitas de várias nacionalidades que apoiam as autoridades contra um coquetel de guerrilheiros que vão desde chechenos até chineses, passando por americanos, australianos, africanos e árabes, entre outros, que lutam com várias facções rebeldes.

O regime mantém suas fortificações em Damasco e em províncias litorâneas como Latakia e Tartus, assim como em Sweida, no sul, e tenta defender o território que ainda resta em Homs, Deraa, Al Quneitra, Aleppo, Al Hasaka, Deir ez Zor e Hama.

E ainda há os diferentes grupos armados, em que se destacam o Estado Islâmico e a Frente al Nusra.

Este ano, a filial da Al Qaeda e seus aliados tomaram das autoridades sírias o controle quase total da província de Idlib e conquistaram o norte de Hama, duas das regiões mais castigadas pela aviação russa, segundo a oposição e ativistas independentes.

Enquanto isso, o EI, que domina áreas do norte e do centro da Síria, além de estar presente no sul, tomou em 2015 parte do campo de refugiados palestino de Al Yarmouk, a apenas cinco quilômetros do centro de Damasco, e o leste da província central de Homs.

Este último avanço foi importante para a organização, já que a metade oriental de Homs faz fronteira com a província iraquiana de Al Anbar.

Esta região também é importante por seu simbolismo, já que nela fica a cidade monumental de Palmira, cujas ruínas grecorromanas estão na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco.

No entanto, apesar dessas conquistas, os jihadistas recuaram no norte de Aleppo, onde no começo do ano perderam o enclave curdo de Kobani, derrotados pelas Unidades de Proteção do Povo (PKK), a maior e mais importante milícia curdo-síria, apoiada pelos aviões da coalizão internacional.

O EI também recuou na província de Al Hasaka, no nordeste da Síria, onde lançaram uma ofensiva em fevereiro em que conquistaram várias localidades de maioria assíria - grupo étnico de credo cristão - e sequestraram mais de 200 moradores, embora nos últimos meses tenham recuado frente as forças curdas.

Em seu reduto principal na Síria, a província de Al Raqqa, o EI perdeu para os soldados curdos áreas do norte, como Tel Abiad, na fronteira com a Turquia e por onde entravam as provisões para a capital homônima provincial, em poder dos radicais.

A luta segue no país árabe e com ela a tragédia de milhares de civis, que se traduz não só nos milhares de mortos, mas também nos milhões de refugiados que abandonaram a Síria e que protagonizaram, junto com vítimas de conflitos em outros países, tanto próximos como o Iraque quanto distantes como o Afeganistão, a maior onda de imigrantes que a Europa viu desde a Segunda Guerra Mundial.

EFE   
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