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Polícia

Grã-Bretanha defende detenção de brasileiro no caso Snowden

20 ago 2013 - 18h34
(atualizado às 19h12)
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O governo britânico defendeu-se nesta terça-feira das acusações de abuso na detenção do brasileiro David Miranda, alegando que a polícia tinha o direito de fazer isso por considerar que vidas corriam perigo em decorrência de informações obtidas pelo fugitivo norte-americano Edward Snowden, que estavam em poder de Miranda.

O jornalista norte-americano Glenn Greenwald (esquerda) caminha com seu companheiro David Miranda no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. 19/08/2013
O jornalista norte-americano Glenn Greenwald (esquerda) caminha com seu companheiro David Miranda no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. 19/08/2013
Foto: Ricardo Moraes / Reuters

O brasileiro é companheiro do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que vive no Rio de Janeiro e revelou em junho, pelo jornal britânico Guardian, que os EUA e a Grã-Bretanha mantêm programas secretos de vigilância eletrônica e telefônica. A denúncia foi feita com base em informações passadas por Snowden, ex-prestador de serviços da Agência de Segurança Nacional dos EUA, agora refugiado na Rússia.

Miranda passou nove horas detido no aeroporto londrino de Heathrow, no domingo, quando fazia uma conexão de Berlim para o Rio. Ele diz ter sido interrogado sobre as atividades jornalísticas de Greenwald, e obrigado a entregar aparelhos eletrônicos em seu poder.

O governo britânico enfrentou queixas judiciais e diplomáticas por causa dessa atitude, e também por causa dos relatos de que o Guardian teria sido pressionado por autoridades a destruir computadores que continham informações fornecidas por Snowden.

A ministra do Interior, Theresa May, disse que a polícia valeu-se de poderes conferidos pelas leis antiterrorismo, que autorizam medidas de segurança para impedir que dados furtados ajudem terroristas.

"É absolutamente correto que, se a polícia acreditar que alguém está de posse de informações furtadas e altamente sensíveis, que poderiam ajudar terroristas, que poderiam colocar vidas em risco, levar a uma potencial perda de vida, a polícia seja capaz de agir, e é isso que a lei a autoriza a fazer", disse May à BBC.

A ministra acrescentou, no entanto, que uma revisão independente estava realizada sobre a conduta policial.

Ela admitiu que, como ministra do Interior, foi informada com antecedência que Miranda poderia ser barrado, mas salientou que não decide quem a polícia detém. Os Estados Unidos, que acusam Snowden de espionagem, disseram ter sido avisados de antemão, mas negaram ter solicitado que Miranda fosse interrogado.

Um advogado britânico que representa o brasileiro questionou na Justiça a base jurídica da detenção, e disse que a polícia apreendeu um laptop, um celular, cartões de memória, um disco rígido de computador e um console de jogos.

Miranda havia ido a Berlim buscar material de Snowden para Greenwald, remetido por intermédio da documentarista norte-americana Laura Poitras. "Esses itens contêm material jornalístico sensível e confidencial, e não deveriam ter sido apreendidos", escreveram os advogados de Miranda em Londres numa carta a May e à polícia.

O governo brasileiro se queixou à Grã-Bretanha. Políticos de oposição, advogados de direitos humanos e órgãos de defesa da liberdade de expressão também recriminaram a detenção de Miranda.

(Reportagem adicional de Andrew Osborn e Belinda Goldsmith em Londres e Mark Hosenball em Washington)

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